Ministro ameaçado de demissão diz ter descoberto inimigos e que segue leal a Lula

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O ministro Márcio Macedo (Secretaria-Geral) disse, nesta terça-feira (17) que descobriu inimigos, e atribui incômodo ao fato de pertencer ao "Brasil profundo" e não ser do Sul-Sudeste.

Macêdo, petista sergipano, está ameaçado de demissão na reforma ministerial, prevista para acontecer no início do próximo ano. Mas o ministro disse que seu cargo pertence a Lula, a quem deve lealdade e compromisso.

"Eu achava que não tinha inimigo. Depois eu descobri que tem um monte. Você vai descobrir um dia que você tem muitos inimigos também, quando você começar a contrariar", afirmou, rindo. Questionado sobre quem seriam, ele não respondeu.

A declaração foi dada durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.

"Devo incomodar muita gente, porque sou do Brasil profundo, não sou de São Paulo, do Sul, nem sudeste. Venho do menor estado da federação, isso deve incomodar muita gente. Todo dia alguém planta uma coisa, isso não me mexe. Estou muito em paz", disse ainda.

Integrantes do Sul e do Sudeste são hoje lideranças com maior espaço tanto dentro do PT, quanto no governo, com exceção de Rui Costa (Casa Civil). O ministro Paulo Pimenta (Secom), cotado para substituir Macedo na Secretaria-Geral, é do Rio Grande do Sul.

"Fico até o dia que o presidente quiser, o cargo é dele, não muda em nada o que sinto por ele, a admiração, estando no governo ou não, ele vai ter sempre soldado defendendo o que acredito, porque sou militante. (...) Então, sim, eu só tenho a agradecer ao presidente Lula. Ele não me deve nada. Eu que devo a ele lealdade e compromisso", disse.

O ministrou contou ainda que teve uma reunião, na véspera, com o Conselho de Participação Social e lideranças de movimentos sociais, para que secretários da Casa Civil e da Fazenda pudessem explicar o pacote de corte de gastos. O encontro reuniu cerca de 300 pessoas.

Segundo Macedo, os movimentos pediram mudanças no texto, sobretudo no BPC (Benefício de Prestação Continuada). Ele admitiu que considera "algumas mudanças" e que concorda com alguns pontos, mas não disse quais, e completou: "Não teve nenhum compromisso de mudança".

Os movimentos solicitaram que possa ser concedido mais de um BPC para a mesma família, dentre outros pontos. Elogiaram a obrigatoriedade da biometria para concessão do benefício, mas dizem que é preciso ter cuidado com algumas deficiências.

O relatório será apresentado aos ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e ao presidente Lula (PT).

Como mostrou a Folha, aliados do presidente Lula (PT) afirmam que ele aguarda a definição sobre o calendário e o processo de sucessão dentro de seu partido para começar as mudanças no primeiro escalão do governo.

A reforma ministerial então deve começar "em casa", com uma troca de cadeiras nas pastas ocupadas por petistas.

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