O McDonald's irá reverter algumas de suas práticas voltadas à diversidade, na esteira de outras grandes empresas norte-americanas que começaram a repensar políticas internas após uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos encerrar ações afirmativas em admissões universitárias.
As mudanças anunciadas na segunda-feira (6) incluem parar de pedir aos fornecedores que se comprometam com certos objetivos políticos chamados DEI —diversidade, equidade e inclusão—, retirar-se de pesquisas externas que medem a diversidade corporativa e mudar o nome do seu comitê de diversidade.
"Estamos nos afastando do compromisso mútuo da rede de abastecimentos com o DEI a favor de uma discussão mais integrada com os fornecedores sobre a inclusão no que se refere ao desempenho comercial", afirmou a empresa em comunicado.
Também anunciou o fim do "estabelecimento de metas ambiciosas de representação e, em vez disso, manter o foco na manutenção de práticas de inclusão que permitam o desenvolvimento de nosso negócio nos nossos processos e operações diárias".
A equipe de diversidade passará a ser chamada de Equipe de Inclusão Global, o que considerou uma mudança "mais apropriada para o McDonald’s à luz do nosso valor de inclusão e mais alinhada com o trabalho desta equipe".
Em junho de 2023, a Suprema Corte, de maioria conservadora, pôs fim a diversas políticas afirmativas nas admissões universitárias, revertendo uma das principais conquistas do Movimento pelos Direitos Civis da década de 1960.
Desde então, empresas e instituições começaram a reformular programas de apoio a grupos minoritários, à medida que o apoio a políticas progressistas nesse sentido diminuía.
Denúncia de assédio no Reino Unido
Mais de 700 funcionários do McDonald's aderiram a uma ação coletiva de assédio contra o grupo no Reino Unido, informou a empresa que os representa nesta terça-feira (7), um ano e meio depois de uma investigação da BBC sobre o assunto.
Esses indivíduos "descreveram experiências de discriminação", particularmente relacionadas à deficiência, mas também à homofobia, ao racismo e ao assédio, disse o escritório de advocacia Leigh Day em um comunicado, segundo o qual mais de 450 restaurantes no Reino Unido estão envolvidos.
A rede de fast-food tem mais de 168 mil funcionários no país, a maioria dos quais são muito jovens, inclusive adolescentes.
Essa ação coletiva foi lançada após uma investigação da BBC em julho de 2023 por meio de testemunhos.
O diretor-geral do McDonald's no Reino Unido e na Irlanda, Alistair Macrow, pediu desculpas na época por "falhas claras" na proteção dos funcionários.
Macrow acrescentou que a empresa enfrentou "uma ou duas" denúncias de assédio sexual por semana de funcionários no Reino Unido.
O diretor-geral da empresa foi ouvido nesta tarde por deputados britânicos, como parte da preparação para um projeto de lei futuro que visa reformar a legislação trabalhista.
Folha Mercado
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"As alegações descritas são abomináveis, inaceitáveis e não têm lugar no McDonald's", disse Macrow.
Durante a reunião com os deputados, ele afirmou que a empresa havia tomado medidas para "proporcionar um local de trabalho seguro e protegido".
A gigante do fast-food implementou um sistema online que permite que "os funcionários de todas as localidades da empresa se manifestem sobre questões de assédio com total confidencialidade", disse a empresa em um comunicado.
"Estamos confiantes de que estamos tomando medidas significativas e importantes para lidar com comportamentos inaceitáveis que todas as organizações enfrentam. Sabemos que devemos estar constantemente vigilantes."