A Justiça do Tocantins decidiu manter a prisão preventiva do ex-governador Mauro Carlesse (Agir) após a audiência de custódia realizada no último domingo (15).
Carlesse foi preso em cumprimento a um mandado expedido pela 3ª Vara Criminal de Palmas (TO), com base em indícios de que estaria planejando uma fuga para fora do país. O teor da investigação não foi divulgado porque o caso tramita em sigilo judicial.
O ex-governador do Tocantins foi detido na manhã de domingo, quando estava a caminho de uma fazenda em São Salvador (TO), região sul do estado. Ele foi localizado por equipes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins (MPTO).
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Carlesse é alvo de diferentes investigações por suspeita de corrupção, no âmbito das operações Hygea, Éris e Timóteo 6:9. De acordo com os investigadores, o político já teria emitido uma identidade uruguaia e um passaporte italiano.
Claudinei Aparecido Quaresemin, ex-secretário de Parcerias e Investimentos do estado e sobrinho do ex-governador, também teve a prisão preventiva decretada. Ele já está detido desde o dia 10 em função de um mandato referente a uma outra operação da Polícia Federal (PF).
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O plano de fuga
De acordo com o juiz Márcio Soares da Cunha, da 3ª Vara Criminal de Palmas, que ordenou a prisão, havia risco de que Mauro Carlesse fugisse do Brasil para não ser preso, assim como Claudinei.
“Evidencia-se a necessidade de se resguardar a instrução criminal e a aplicação da lei penal através da prisão cautelar antes que os acusados empreendam fuga para o exterior”, diz o magistrado na decisão.
Segundo os investigadores, o ex-governador do Tocantins e seu sobrinho planejavam ir para a Itália ou o Uruguai. Foram detectados diálogos que apontam que o ex-secretário já teria providenciado todos os documentos necessários para a fuga e a autorização para residência fixa no Uruguai.
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De acordo com o juiz, no dia 23 de abril de 2024, Quaresemin “remeteu a Mauro Carlesse uma foto da carteira de identidade uruguaia do ex-governador, expedida em 3 de abril de 2024”.
Em 4 de junho, o ex-secretário encaminhou outra mensagem informando “que o pedido de residência permanente, formulado pelo ex-governador, havia sido deferido pela República Oriental do Uruguai no dia 24 de maio de 2024”.
“Depois, trava-se diálogo entre Mauro Carlesse e Claudinei Aparecido Quaresemin a respeito das contas e uma forma para mandarem dinheiro para uma conta no exterior, fato que pode constituir novos crimes de lavagem de ativos, tendo Claudinei sugerido que fosse feito pelo “câmbio” (câmbio paralelo, o que, além de lavagem, pode constituir crime de evasão de divisas)”, anota o magistrado.
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“Apurou-se que Mauro Carlesse já está com seu passaporte italiano nas mãos, pronto para deixar o Brasil, tendo declarado residência em Marsciano (Perugia), onde o vilarejo de Pieve Caina está encravado”, complementa o juiz.
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O que diz a defesa de Mauro Carlesse
Por meio de nota, os advogados de Mauro Carlesse afirmam que ele sempre colaborou com as investigações. A defesa informa que pedirá a revogação da prisão.
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Leia a nota:
“O ex-governador Mauro Carlesse informa à população tocantinense que recebeu a notícia da prisão com indignação, pois não é condenado em nenhum processo e nem possui qualquer proibição de ir e vir, estando em pleno gozo de todos os seus direitos fundamentais, principalmente o de ir e vir.
Quando requisitado, sempre responde à Justiça com advogado constituído e colabora com as informações solicitadas.
Mauro Carlesse sempre esteve à disposição da Justiça e assim permanecerá. A defesa irá apresentar o pedido de revogação da prisão.”
Quem é Mauro Carlesse
Antes de assumir o governo do estado, em 2018, Mauro Carlesse foi presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins. Ele se tornou governador após a cassação de Marcelo Miranda pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Carlesse esteve à frente do governo do estado até outubro de 2021, quando foi afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), por suspeita de corrupção. Em seguida, ele renunciou ao cargo antes da votação de impeachment na assembleia. Seu sucessor foi Wanderlei Barbosa.