'Marronzinhos' fazem a festa: local campeão em multas teve 30 mil em 1 ano

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Em Congonhas, falta espaço para o tráfego e há fiscalização constante da CET. Concessionária do aeroporto reconhece o problema
Em Congonhas, falta espaço para o tráfego e há fiscalização constante da CET. Concessionária do aeroporto reconhece o problema Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

Em 2024, foram registradas aproximadamente 6,2 milhões multas de trânsito na cidade de São Paulo. Dessas, cerca de 25% foram aplicadas manualmente, por agentes como os 'marronzinhos' da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). E, em nenhum lugar, a quantidade de multas se compara às do aeroporto de Congonhas.

Foram 32.880 infrações aplicadas a motoristas que passaram pela praça Comandante Lineu Gomes, endereço oficial do aeroporto. Os motivos são, principalmente, estacionamento irregular; seja em fila dupla, local proibido ou impedindo a saída de outros carros. As infrações do tipo pode ser enquadradas como graves pelo CTB (Código de Trânsito Brasileiro), rendendo cinco pontos na CNH e multa de R$ 127,69.

Em seguida no ranking das canetas, está a avenida Washington Luís no trecho próximo ao nº 6900, onde houve 4.002 multas. Ou seja: o segundo lugar é o trecho de alta velocidade da via que fica em frente ao aeroporto, de modo que a região totalizou quase 37 mil infrações manuais em 2024. A fins de comparação, em todo o comprimento da Marginal Tietê, foram 10.585 "canetadas" no ano passado.

Segundo local com mais multas manuais é justamente na avenida Washington Luis em trecho que contorna Congonhas
Segundo local com mais multas manuais é justamente na avenida Washington Luis em trecho que contorna Congonhas Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

Outros locais campeões de multas aplicadas por humanos em São Paulo incluem o viaduto Okuhara Koei — importante acesso à Av. Paulista — e um trecho urbano da Via Anchieta, na região do Sacomã.

A pior intersecção da cidade nesse aspecto é o encontro da Av. Radial Leste-Oeste com a rua do Glicério. Ali, há acessos tanto para quem entra quanto para quem sai da Radial, em ambos os sentidos. Entre os paulistanos, é comum quem passe pelo local sem muita prudência, por questões de segurança.

O levantamento foi feito pelo UOL Carros, que analisou conjuntos de dados públicos com todos os registros de infrações da cidade de São Paulo no ano passado. Os números podem variar, pois os dados de dezembro ainda não foram totalmente consolidados e, no caso das multas in loco, é comum que o auto de infração traga erros de grafia ou diferenças mínimas no registro.

A fim de clareza, reunimos o top 5 de endereços em que mais houve multas manuais em blocos de endereço. Logo, "Av. Washington Luis, próximo ao nº 6900" significa todas as multas realizadas na Avenida Washington Luis entre os números 6900 e 6999, por exemplo.

Confira o top-5 de locais com mais "canetadas" em SP

1º lugar: Aeroporto de Congonhas: 32.880 multas

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2º lugar: Av. Washington Luis, próximo ao nº 6900: 4.002 multas

3º lugar: Viaduto Okuhara Koei: 3.925 multas

4º lugar: Via Anchieta, próximo ao nº 1000: 3.655 multas

5º lugar: encontro da Av. Radial Leste-Oeste com a Rua do Glicério: 3.185 multas

Por que Congonhas é tão problemático?

Os problemas da via de acesso ao terminal de passageiros em Congonhas são antigos. Tanto que são tratados como prioridade pela Aena, a concessionária que assumiu o aeroporto em outubro de 2023 e realiza uma obra profunda de renovação, prevista para acabar em 2028.

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Entre as vulnerabilidades, há o gargalo formado na rua estreita que circunda o terminal, mas recebe tráfego volumoso da Av. Washington Luís e, por anos, teve muitos carros de aplicativo estacionados. A reportagem de UOL Carros também constatou muitos motoristas que se confundem quando precisam ir para setor de embarque (no piso superior) ou desembarque (piso inferior).

Mais de 23 milhões de passageiros circularam por Congonhas em 2024
Mais de 23 milhões de passageiros circularam por Congonhas em 2024 Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

Na pista de cima, boa parte da calçada tem áreas reservadas para táxis e viaturas da Polícia Federal, por exemplo. Embaixo, prerrogativa semelhante é dada aos ônibus que fazem translado para o aeroporto de Guarulhos. Consequentemente, é comum avistar carros, de aplicativo ou particulares, parando em fila dupla ou locais proibidos para coletar seus passageiros.

Na apresentação do projeto da Aena para Congonhas, os gargalos do estacionamento foram tratados como quick wins: problemas cuja resolução é simples, mas o impacto positivo é elevado.

Por isso, um bolsão de estacionamento para os motoristas de apps foi inaugurado em julho de 2024. Nele, os trabalhadores podem esperar por até 2h gratuitamente, entrando em uma fila virtual no aguardo dos passageiros que saem dos voos. As vagas de ônibus, por sua vez, foram reduzidas de sete para duas a fim de liberar espaço nas calçadas, que ficarão mais largas após a revitalização.

Aena promete novas calçadas, mais largas e menos confusas
Aena promete novas calçadas, mais largas e menos confusas Imagem: Reprodução
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A empresa diz avaliar o grau de satisfação dos usuários e, continuamente, realizar melhorias na sinalização de embarque e desembarque, pensando na organização do tráfego. "Com a maior agilidade, haverá uma redução no tempo de permanência dos veículos no local e aumento da capacidade de embarque de passageiros", diz em nota.

Ainda em 2025, diz a Aena, o plano é transformar o último andar do edifício-garagem do aeroporto em uma zona para carros de apps, completamente separada da via de acesso ao terminal.

"A entrada e a saída dos carros de aplicativos na praça serão feitas por dois novos viadutos de acesso, desviando esses veículos do tráfego das vias do aeroporto. Para aumentar o conforto dos passageiros, serão criadas áreas comerciais e lounges de espera", afirma a empresa.

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