O candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), o empresário e influenciador Pablo Marçal, minimizou as suspeitas envolvendo suposta ligação entre dirigentes de seu partido e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda-feira (2), Marçal foi questionado sobre sua relação com o presidente nacional da legenda, Leonardo Avalanche, que teria sido flagrado em conversas com um suposto membro do PCC.
Segundo reportagem e áudio publicados pelo jornal Folha de S.Paulo, Avalanche diz que teria participado da soltura do traficante André do Rap, um dos líderes do PCC, que deixou a prisão em 2020 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
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“Falei para ele [Avalanche]: ‘Não é melhor você se afastar’? Espero que ele tenha bom senso”, disse Marçal, no Roda Viva.
“Eu resolvi me afastar, particularmente, dele, porque é constrangedor responder sobre essas questões”, prosseguiu o candidato do PRTB.
Em seguida, Marçal afirmou que todas as pessoas têm o direito de se defender e colocou em dúvida a veracidade das informações da Folha.
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“Se o Leonardo [Avalanche] é do PCC, por que ele recebeu uma notificação de despejo? Cadê o dinheiro do PCC para ajudar?”, indagou Marçal.
Condenação
Durante a sabatina, Pablo Marçal também foi questionado sobre sua condenação, em 2010, a 4 anos e 5 meses de prisão por suposta participação em um esquema de fraudes bancárias em Goiás.
No último fim de semana, o UOL publicou trechos de conversas obtidas por meio de grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal (PF), no âmbito dessa investigação.
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Em 2010, o empresário foi apontado como suposto participante do grupo que teria desviado dinheiro de bancos em meados de 2005 – na época, ele tinha 18 anos.
O grupo criava sites falsos de instituições financeiras, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, e mandava e-mails acusando pessoas, falsamente, de inadimplência. Os criminosos roubavam dados e informações das vítimas e, ainda, “infectavam” computadores e dispositivos digitais com programas conhecidos como “cavalos de Troia”.
Marçal reconheceu que chegou a colaborar com o grupo, mas sempre garantiu não ter conhecimento de qualquer ilegalidade praticada. Ele foi condenado, mas teve a pena extinta em 2018, por prescrição retroativa.
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“Eu não tenho nadinha para me curvar para bandido. Eu não sou bandido. Os candidatos falam que eu roubava velhinhas, eu nem sei quem são essas pessoas”, afirmou Marçal. “Eu fui prescrito porque não tinha nenhum crime antes disso. Eu estou em paz em relação a isso.”
Moraes e a suspensão do Twitter/X
Marçal também foi perguntado pelos jornalistas sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender o funcionamento do X (antigo Twitter) no Brasil.
Na segunda-feira (2), por unanimidade, a Primeira Turma do STF chancelou o posicionamento de Moraes e manteve o bloqueio da plataforma. Além do próprio Moraes, votaram pela manutenção da suspensão da rede do bilionário Elon Musk os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux, sacramentando o placar em 5 a 0 a favor do bloqueio.
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Moraes alega que o X descumpre a legislação brasileira ao não obedecer às ordens do próprio Supremo de indicar um representante legal no país. O ministro colocou o caso em pauta na Primeira Turma do STF, formada por 5 integrantes – mas não no plenário, que tem 11 componentes. Nunes Marques, relator da ação do Novo, não integra a Primeira Turma.
No Roda Viva, o candidato do PRTB não fez coro às críticas mais duras que o campo conservador têm feito a Moraes. Marçal também não respondeu se considerava o ministro do STF um “ditador”, como diz parte do eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Agora o Brasil inteiro está sentindo o que eu estou sentindo”, disse Marçal, referindo-se ao bloqueio de suas redes sociais por decisão da Justiça Eleitoral.
“Eu acredito que tem um desequilíbrio dentro da República e as competências dentro do Supremo. Está muito político, está tentando dosar uma radicalidade que tivemos no passado, e já passou do limite”, completou.
Questionado sobre um eventual pedido de impeachment contra Moraes, Marçal afirmou que esta é uma atribuição do Senado Federal. “Nós confiamos na Justiça e não precisamos ter uma corte política”, concluiu.