Lula reúne Tarcísio e Nunes no Planalto para assinar financiamento de obras em SP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve na manhã desta sexta-feira (29), no Palácio do Planalto, em cerimônia com dois adversários políticos – ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), participaram do ato de anúncio de apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para infraestrutura e mobilidade urbana. 

Foi o primeiro encontro entre Lula e Tarcísio, ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, desde o indiciamento do ex-presidente da República pela Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil, em 2022. 

Também estiveram presentes o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT); o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT); e o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).  

De acordo com o Palácio do Planalto, as obras estruturantes fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (o Novo PAC) e somam R$ 10,65 bilhões em investimentos financiados por meio do BNDES.

Nunes e Tarcísio agradecem

Em discursos protocolares, Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas agradeceram ao governo federal e ao BNDES pela parceria. 

“Hoje, a gente passa a ter uma nova etapa no conceito de várias políticas públicas com responsabilidade fiscal”, afirmou o prefeito reeleito de São Paulo. 

Tarcísio, por sua vez, lembrou que há outras parcerias em andamento entre o governo do estado e o BNDES e disse que, em breve, espera voltar a Brasília (DF) para participar de novos anúncios relacionados ao Metrô de São Paulo. 

Depois do fim dos discursos, Lula se levantou e cumprimentou tanto Nunes quanto Tarcísio.

Lula em silêncio; Rui Costa e Alckmin falam

Coube ao chefe da Casa Civil, Rui Costa, e ao vice-presidente Geraldo Alckmin fizeram os discursos mais incisivos durante a cerimônia. Falando depois de Nunes e Tarcísio, Costa mencionou o chamado “inquérito do golpe” e, sem citar o nome de Bolsonaro, abordou o risco à democracia e a suposta trama para assassinar Lula, Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

“O senhor [Lula] mostra, mais do que nunca, a fiugura de um estadista que não se abala um milímetro mesmo com todas as informações que vieram à tona sobre aqueles que tramaram um golpe de Estado. Chegaram a tramar algo que ninguém, neste salão ou no país, imaginava”, afirmou o ministro. 

Alckmin, por sua vez, disse: “Como é bonita a democracia. Passadas as eleições, os entes federados, juntos, trabalham para alcançar o interesse público e o bom comum”.

Lula ficou em silêncio, e a cerimônia terminou sem discurso do presidente.

Metrô

A Linha 2 Verde do Metrô de São Paulo, que atualmente liga a Vila Madalena à Vila Prudente, será prolongada por 8,2 quilômetros. Ela ganhará oito novas estações até a Penha, onde haverá integrações com a Linha 3 (Vermelha) e a Linha 11 (Coral). A extensão vai exigir a necessidade de 44 novos trens. 

O investimento total é de R$ 6 bilhões, com R$ 3,6 bilhões para os trens e R$ 2,4 bilhões na obra civil. O projeto tem previsão de conclusão até dezembro de 2028 e deve atender 1,2 milhão de pessoas diariamente.

Rodoanel

O Rodoanel Mário Covas interliga as 12 rodovias que cortam a região metropolitana de São Paulo. Em março do ano passado, foi realizado o leilão da PPP do Rodoanel Norte. O trecho tem rodovia de 120 km/h, com pista dupla separada por canteiro central, e conta com 19,7 km de vias em quatro faixas e 26,1 km de vias em três faixas, além de 14 túneis. 

O projeto pretende desviar o tráfego de cerca de 30 mil caminhões e 54 mil automóveis da Marginal Tietê por dia. O contrato inclui a mitigação de impactos ambientais, com 14 passagens de fauna. O investimento total é de R$ 3,4 bilhões, dos quais R$ 2 bilhões destinados à finalização. 

O financiamento do BNDES é de R$ 1,35 bilhão. A expectativa é a de a obra possa gerar mais de 10 mil empregos diretos e indiretos.

Trem

O trem intercidades deve conectar São Paulo a Campinas, beneficiando 11 municípios e 15 milhões de pessoas. O trem de média velocidade atinge até 140km/h. O investimento total é de R$ 14,5 bilhões, com R$ 6,4 bilhões de financiamento do BNDES. 

O serviço expresso entre as duas cidades terá 101 quilômetros de extensão, com serviços paradores entre Francisco Morato e Jundiaí e conexões com os trens intermetropolitanos e a linha 7-Rubi do metrô de São Paulo.

Ônibus elétricos

Já com a prefeitura de São Paulo, o BNDES assinou contrato de R$ 2,5 bilhões para a aquisição de 1,3 mil ônibus elétricos de fabricação nacional.