O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou nesta segunda-feira (24) um contrato para a construção de quatro navios em Rio Grande (a 320 km de Porto Alegre), reativando a expectativa de retomada do polo naval do sul do Rio Grande do Sul.
Lula prometeu retomar compras na indústria naval brasileira, interrompidas após a Operação Lava Jato. A Transpetro lançou o programa TP25 para renovar a frota com até 25 navios.
O Estaleiro Rio Grande, operado pela Ecovix, será responsável pela maior parte do projeto.
O estaleiro foi o único interessado a apresentar proposta na primeira licitação da Transpetro, subsidiária da Petrobras, feita no terceiro mandato do petista para compra de navios no Brasil.
A construção dos quatro navios depende de juros baixos do FMM (Fundo da Marinha Mercante) e renúncia fiscal para depreciação acelerada dos ativos.
O projeto deve gerar cerca de 1.000 empregos diretos no estaleiro, elevando o número de trabalhadores de 200 para até 1.400.
A expectativa é de que os trabalhos comecem em seis meses, e o projeto tem três anos e meio de duração.
"Desde 2016 nós paramos a construção dos cascos. E passamos oito anos em uma situação bastante difícil, como todo mundo sabe", diz José Antunes Sobrinho, acionista da Ecovix.
Segundo o executivo, a mão de obra desenvolvida nos anos de maior atividade do polo naval flutuou, pela falta de atividades de maior peso nos últimos anos. Com esse retorno, a expectativa é de uma retomada gradual dos postos de trabalho.
Folha Mercado
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"Potencialmente, em Rio Grande nós temos cerca de 5.000 empregos sem estressar. Boa parte daqui ou relacionada com a região."
De acordo com o executivo, nesse período em que os trabalhos principais foram interrompidos, o estaleiro fez reparos navais, desmantelamentos e pequenos trabalhos.
"O maior ativo que temos investido aqui da América Latina em estaleiros, mas infelizmente, motivos que não cabe discutir agora levaram a uma série de decisões tomadas lá atrás", complementa Antunes Sobrinho, em referência à Lava Jato.
O investimento total previsto no contrato assinado por Lula é de US$ 278 milhões (R$ 1,6 bilhão), com a produção em parceria com o estaleiro Mac Laren, que realizará o acabamento dos navios em Niterói (RJ).
Antunes estima que cerca de 95% do trabalho será executado na cidade do Rio Grande do Sul.
Autoridades da cidade de Rio Grande destaca a importância da reativação da indústria naval para a economia e desenvolvimento da região.
Segundo a prefeita Darlene Pereira (PT), o município vai trabalhar a requalificação dos trabalhadores, para que os empregos sejam ocupados pelos moradores de Rio Grande.
A construção dos navios Handy faz parte do programa de renovação e ampliação da frota da Transpetro, estratégica para a logística de cabotagem.
A volta da construção de navios deve gerar impactos indiretos na economia local, beneficiando setores como alimentação, segurança e comércio.
As agendas de Angra e Rio Grande são patrocinadas pela Petrobras, liderada por Magda Chambriard, nomeada para agilizar entregas antes da campanha de 2026.
A executiva afirmou que a Petrobras acelerará encomendas para impulsionar a economia, retomando a agenda dos governos do PT interrompida pela Lava Jato.