O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (8) que o Brasil ainda tem a maior taxa de juros do mundo, mas que ela "haverá de ceder".
A declaração acontece no dia da sabatina de Gabriel Galípolo, na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, indicado por Lula para a presidência do Banco Central.
"Eu estou muito feliz porque a economia está razoável, a taxa de juros ainda é a mais alta, mas ela haverá de ceder. Nós temos a inflação controlada, nós temos a massa salarial crescendo, nós temos o emprego crescendo, nós temos leis para proteger os empreendedores individuais, o pequeno e médio-empresário", afirmou o presidente.
As declarações foram dadas durante cerimônia de sanção da lei do combustível do futuro, na Base Aérea de Brasília.
Também nesta terça-feira (8), o diretor de política monetária do Banco Central e indicado por Lula para presidir a instituição, Gabriel Galípolo, passa por sabatina no Senado. Caso seja aprovado, ele vai substituir Roberto Campo Neto, cujo mandato termina em dezembro.
Campos Neto e o Banco Central se tornaram alvo de ataques de Lula desde o início do atual mandato, por causa da taxa de juros. O petista também acusou repetidas vezes o atual presidente de atuar politicamente, por sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em sua fala, Galípolo disse aos senadores que terá autonomia e liberdade para agir.
"Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões, e [escutei] que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro", afirmou.
"Que cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro", acrescentou.
No mês passado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para 10,75% ao ano, na primeira alta feita durante o terceiro mandato do presidente Lula.
A decisão foi unânime entre os membros do colegiado, com Gabriel Galípolo, alinhado ao atual chefe da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.
COMBUSTÍVEL DO FUTURO
Lula sancionou nesta terça-feira (8) a lei do chamado combustível do futuro, que cria o marco legal para a estocagem de CO2 no subsolo, ou CCS (captura e armazenamento de carbono, em inglês).
O projeto dos biocombustíveis também cria programas nacionais para descarbonização do diesel, do combustível de aviação e do gás natural.
A cerimônia na Base Aérea de Brasília contou com a participação da ex-presidente Dilma Rousseff, que atualmente comanda o NBD, conhecido como Banco dos Brics.
O projeto dos biocombustíveis foi aprovado pela Câmara dos Deputados inicialmente em março, atendendo a demandas do setor de petróleo e gás, e com apoio do agronegócio, que deve se beneficiar com o incentivo à produção do biodiesel e de maiores incentivos ao etanol.
O texto também prevê o marco regulatório da estocagem de CO2, de interesse da Petrobras e que pode beneficiar indústrias poluentes.
"Também institui o marco regulatório para a captura e a estocagem de carbono e destrava investimentos que somam R$ 260 bilhões, criando oportunidades que aliam desenvolvimento econômico com geração de empregos e respeito ao meio ambiente", informou o governo em nota.
O projeto demanda, ainda, que seja estipulada pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) uma taxa de mistura de diesel verde no diesel comum. Este percentual deve ser de 13% a 25%.