O cineasta italiano Luca Guadagnino criticou neste sábado a recente proibição de seu filme "Queer" na Turquia e afirmou estar disposto a lutar contra "qualquer instituição que queira manchar os poderes" do cinema, durante o Festival Internacional de Cinema de Marrakech.
No início de novembro, as autoridades turcas proibiram a exibição de "Queer", programada para a abertura de um festival de cinema em Istambul, denunciando um "conteúdo provocador que poderia perturbar a ordem pública".
Diante dessa decisão, os organizadores optaram por cancelar o evento como sinal de protesto.
"Me pergunto se realmente viram o filme ou se o julgam por ideias gerais ou pela tolice superficial de alguns jornalistas que se concentraram em frases como 'James Bond se torna gay'", disse Guadagnino durante uma entrevista coletiva com o júri do festival de Marrakech, que ele preside.
"É uma censura obtusa, especialmente em um mundo onde é possível baixar o filme", destacou o diretor de "Me Chame Pelo Seu Nome" em 2017.
Baseado no romance homônimo de William S. Burroughs, "Queer" narra as aventuras de um americano, interpretado por Daniel Craig, envolvido em um turbilhão de sexo, drogas e álcool enquanto se apaixona por um jovem compatriota na Cidade do México do pós-guerra.
"Espero sinceramente que realmente acreditem que o tema do filme pode provocar o colapso da sociedade. Porque isso significaria que minha crença no poder do cinema é verdadeira e não um delírio", afirmou Guadagnino.
"Lutarei contra qualquer instituição que queira manchar os inevitáveis poderes do cinema", acrescentou.
A 21ª edição do Festival Internacional de Cinema de Marrakech acontece até 7 de dezembro.
O júri, presidido por Guadagnino, inclui figuras como as atrizes Patricia Arquette e Virginie Efira, o diretor iraniano Ali Abbasi e o ator britânico Andrew Garfield.