O mercado de escritórios de alto padrão em São Paulo bateu recorde de ocupação em 2024 e encerrou o ano com uma taxa de vacância de 20,8%, segundo dados da consultoria Newmark. Em 2023, o índice ficou em 23,3%, e os bons números do setor indicam que a retomada dos escritórios deve seguir em ritmo de expansão ao longo deste ano.
A atividade de locação alcançou o maior registro da série histórica, fechando o ano com uma absorção líquida acumulada (a diferença entre o volume de novas locações e devoluções de imóveis) em 23%, chegando a 308 mil m² —maior registro desde 2017.
Para a consultoria, o resultado é a consolidação de um cenário de recuperação no período pós-pandemia, impulsionado pelo retorno presencial das empresas.
Os escritórios de alto padrão se diferenciam dos escritórios comuns por oferecerem elementos como design sofisticado, acabamento em alto nível, localização em espaços estratégicos da cidade, além de receberem instalações de alta tecnologia e bons serviços agregados em geral.
O relatório da Newmark indica que no último trimestre o volume de novo estoque entregue pelo setor imobiliário executivo foi o maior do ano, e, mesmo assim, a taxa de vacância continuou caindo.
Com o aumento da demanda, os valores negociados subiram, em média, 15% entre um ano e outro, saindo de R$ 95 o m² para R$ 110 o m². Esse foi outro recorde batido no setor, que não chegava a esse patamar de valores desde 2013.
Em regiões consideradas estratégicas e onde estão as principais empresas do setor financeiro, como Itaim, Faria Lima e Juscelino Kubitschek, o valor do metro quadrado ultrapassou os R$ 270, podendo chegar a R$ 380 em algumas dessas regiões.
Áreas alternativas, com o metro relativamente mais barato e que oferecem fácil acesso aos funcionários, como todo o eixo da marginal Pinheiros, concentraram 44% da absorção líquida de toda a cidade. Os outros 56% estão espalhados pelas regiões com metro quadrado mais caro (Itaim, Jardins, Faria Lima, entre outras).
O grupo WPP, que atua no setor de publicidade, fez a maior transação do ano com um prédio entregue sob medida pela Brookfield, na Vila Leopoldina (dentro do eixo Marginal). São quase 39 mil m² de área total transacionada.
"Os números de 2024 fortalecem a confiança dos proprietários de que a atividade seguirá forte em 2025, com a demanda crescente sendo atendida tanto pela forma atual quanto pelos novos empreendimentos em desenvolvimento, além de uma valorização consistente nos preços", diz a Newmark.
Os dados de São Paulo se descolam de grandes capitais como o Rio de Janeiro, por exemplo, onde a taxa de vacância é muito maior, apesar de ter caído de 32,6% no final de 2023 para 28,4% em dezembro, o menor nível em 8 anos.
Na capital fluminense a demanda depende, principalmente, dos setores governamentais e de empresas de óleo e gás.
Enquanto o estoque total de escritórios de alto padrão fica em torno de 5,6 milhões de m² em São Paulo, no Rio esse volume é de 2,2 milhões m² —cenário que permaneceu inalterado desde 2023.
Não existem novos empreendimentos programados para entrega no médio e longo prazo no Rio, segundo a Newmark, o que deve levar a uma queda gradativa na vacância e aumento nos preços do metro quadrado, atualmente em R$ 74.
Em São Paulo, o mercado imobiliário de escritórios de alto padrão pretende entregar 270 mil m².
INCERTEZAS
O único porém nas análises das principais consultorias do mercado está nas incertezas do cenário político-econômico, que pode influenciar os planos de crescimento e, principalmente, de investimento das empresas.
Dennys Andrade, head de market research e business intelligence da Cushman & Wakefield afirma que o setor seguiu em alta mesmo com o conturbado cenário financeiro e fiscal do país. O problema para este ano está nos juros, que devem manter trajetória de alta e impactar toda a tomada de decisões das empresas do setor imobiliário, cujos custos operacionais encarecerão.
"Em um ambiente de instabilidade política, o grau de previsibilidade e confiança no mercado diminui, levando as empresas a adotarem uma postura mais conservadora, adiando decisões importantes à espera de melhores condições mercadológicas e certas", diz Andrade.
O analista da Cushman também afirma que segmentos de empresas do mercado financeiro e de serviços, que se revezaram na liderança dos maiores locadores da região, devem seguir locando em maior quantidade ao longo do ano.
Além dos dois setores, empresas que costumam fazer grandes locações pontuais, como as de tecnologia da informação, comunicação, cuidados médicos e de saúde também despontam como os principais locatários no mercado
Para a consultoria Colliers, outra tendência para o ano são os alugueis de espaços com baixa metragem, que comportam empresas com demandas menores e possuem valores mais atrativos. Essa movimentação de mercado vai ajudar a manter a taxa de vacância em queda.