O volume de imóveis à venda em leilões no Brasil disparou desde a pandemia. A Caixa, responsável por 70% dos financiamentos imobiliários do país, leiloou 51 mil unidades em 2024. É quase seis vezes mais do que o registrado pelo banco em 2022. Hoje, cerca de 26 mil imóveis estão disponíveis para oferta no site do banco, a mesma quantidade leiloada em todo ano de 2023.
Os interessados em adquirir um imóvel por meio de leilão devem acessar os editais com as exigências e orientações para participação diretamente no site do leiloeiro. Todos os leilões são online.
Os imóveis leiloados pela Caixa estão disponíveis também no site https://venda-imoveis.caixa.gov.br/sistema/busca-licitacoes.asp?sltTipoBusca=licitacoes.
Na plataforma de compra e venda de usados Superbid Exchange, que trabalha também com bancos privados, o número de leilões de imóveis cresceu 86% no ano passado em comparação com 2023. De acordo com a empresa, foram 16 mil propriedades disponibilizadas para lances, entre casas e apartamentos, ante 10 mil no ano anterior. O valor médio pago por um imóvel leiloado também subiu de 2023 para 2024: foi de R$ 346,2 mil para R$ 361,3 mil.
O levantamento usou como base leilões judiciais, promovidos por ordens de tribunais, e extrajudiciais, frequentemente usados por instituições financeiras para a alienação de imóveis dados como garantia, como está previsto na lei 9.514/07, sobre o SFH (Sistema Financeiro de Habitação).
Segundo Pedro Gomide, sócio da Smart Leilões, a dificuldade dos brasileiros em pagar as parcelas de financiamentos imobiliários e as dívidas com condomínio e IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) explicam o aumento.
"Durante a pandemia, os bancos optaram por renegociar dívidas em vez de consolidar propriedades, resultando em um acúmulo de inadimplência que, posteriormente, levou ao aumento dos leilões. Além disso, a atual situação macroeconômica do país, marcada por juros e inflação elevados, contribuiu para o crescimento da inadimplência e, consequentemente, dos leilões", afirma Pedro Gomide.
A Caixa foi um dos bancos que adotou medidas para evitar a retomada de imóveis por inadimplência. Foram oferecidas alternativas como a pausa no pagamento e a quitação parcial da parcela, entre 25% e 75% do valor total. Em nota, a Caixa afirma que o aumento dos leilões em 2024 em relação aos anos anteriores ocorreu em função da retomada da normalidade do mercado.
Folha Mercado
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Glauber Araújo, gerente da Superbid Exchange, diz que facilidades oferecidas pelas instituições financeiras, como quitação das dívidas do imóvel até o dia do leilão, possibilidade de financiamento e uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para pagamento tornaram o ambiente propício para o aumento da procura e das vendas.
Ele afirma que, com a alta nas taxas de juros, o número de leilões deve se manter em alta em 2025 e atrair o interesse tanto de investidores quanto de quem busca um imóvel para moradia, mas não consegue acessar um financiamento imobiliário.
Para o advogado Marcelo Tapai, o aumento considerado expressivo e imprevisível dos juros atinge de forma mais direta quem compra imóvel na planta. "Como os financiamentos imobiliários duram anos, e até décadas, um orçamento muito justo pode trazer resultados desastrosos. Os contratos, em regra, são feitos por meio de alienação fiduciária, ou seja, os imóveis são dos bancos e o comprador só tem a posse", diz.
Cada banco define após quantas parcelas o mutuário perde o imóvel, afirma. "Se não pagar algumas parcelas, instituição financeira notifica o comprador para pagar todo o débito acumulado em 15 dias e, se não o fizer, perde o imóvel para o banco de forma automática, sem chance de discutir. Esse imóvel é levado a leilão em 30 dias e, se for vendido por um preço baixo, o valor da venda servirá para quitar o débito com o banco e somente se sobrar algum valor o comprador receberá a diferença", diz.
Até 7 de março, interessados podem dar lances em 510 propriedades da Caixa, incluindo casas, apartamentos, terrenos, salas comerciais e galpões. O leilão é organizado por Dilson Marcos Moreira.
Os lances iniciais variam de R$ 27,8 mil a R$ 1,2 milhão, com descontos de até 60% em relação ao valor de mercado. Os imóveis estavam distribuídos em diversas regiões do país, com destaque para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
Em São Paulo, os valores variam entre R$ 44,1 mil —em um terreno de 125 m², em Presidente Prudente— e R$ 312,2 mil —por uma casa de 65 m², na capital. Para quem busca um imóvel na praia, em Guarujá, um apartamento com 94 m² recebe lances a partir de R$ 263,8 mil.
No Rio de Janeiro, as oportunidades vão de R$ 47,2 mil —em uma casa de 58 m², em São João de Meriti, a R$ 1,2 milhão— lance inicial em um apartamento de 210 m², também na capital.
Em Minas Gerais, os lances vão de R$ 49,7 mil —em uma casa de 48 m², em Despacho, a R$ 198,8 mil— apartamento de 113 m² em Belo Horizonte.
Em Pernambuco, os imóveis anunciados no leilão têm valores que variam entre R$ 46,4 mil —casa de 54 m² em Pesqueira, e R$ 220,5 mil— apartamento de 68 m², em Jaboatão dos Guararapes.
O pagamento dos imóveis deve ser feito à vista. A Caixa não envia boleto para pagamento da proposta. O boleto é obrigatoriamente gerado pelo cliente no portal www.caixa.gov.br/imoveiscaixa. Demais condições devem ser consultadas no edital, disponível no link.
A Smart Leilões realiza, no dia 27 de fevereiro, a venda de propriedades de bancos como Cahsme, Crediblue, Creditas, Galleria, Inter, REAG e Rodobens. Serão leiloados cerca de 106 imóveis —entre casas, apartamentos e terrenos em diversas localidades do país.
Os interessados devem acessar o site www.leiloariasmart.com.br, realizar um cadastro prévio e consultar a lista completa de imóveis, que inclui descrições detalhadas, valores mínimos de lance e documentação.
A Zuk, em parceria com o Itaú Unibanco, promove mais um leilão no dia 27 de fevereiro. Há imóveis residenciais e terrenos com até 58% de desconto. Também há lotes abertos a propostas. Alguns estão com 10% de desconto para o pagamento à vista.
As oportunidades abrangem os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Os valores variam de R$ 38 mil para uma casa no bairro Betel, Rio Largo (AL), com 141 m², até R$ 5 milhões para uma casa na Barra, na cidade de Balneário Camboriú (SC), com 522 m². O imóvel com o maior desconto é uma casa no valor de R$ 144 mil, no Jardim Araretama, no município de Pindamonhangaba (SP), com 262 m².
Para participar é preciso se cadastrar no Portal Zuk, consultar o edital do lote e fazer a oferta pelo imóvel desejado.