A ideia de clonar um zigoto e inserir em um útero interespecífico, que é de espécie diferente, mas próxima, seria mais útil para tentar retardar a extinção das espécies que precisam de nós agora, como ararinha-azul, lobo-guará. Kayron Passos, biólogo
Investimento poderia ser usado para outros fins. "Não seria melhor usar esse investimento protegendo e mantendo as espécies que ainda estão por aqui, saudáveis?", questiona Verdade. Para ela, seria mais interessante investir em entender e manter a saúde ambiental e as populações existentes hoje, e assim evitar mais perdas.
Outro ponto levantado pela bióloga é o sobre o conceito de "desextinção". Conseguir trazer de volta um mamute ou o tigre-dente-de-sabre pode ser de fato interessante, diz Verdade, mas não equivale a "desextinguir" a espécie.
Para que uma espécie se mantenha, é preciso que haja um conjunto de indivíduos acasalando e deixando filhotes de geração em geração. Qual o tamanho do investimento e de quantos tigrinhos precisaríamos conseguir nesse processo para que de fato houvesse uma população mínima viável? Vanessa K. Verdade, bióloga
Espécies enfrentariam riscos em um possível retorno. Verdade lembra que os ambientes estão ocupados pelos indivíduos das espécies que vivem hoje. "O que acontecerá com eles se nesse ambiente trouxermos uma espécie do passado? Será que o prejuízo não será ainda maior?", questiona a professora.
Passos traz como o exemplo a questão da temperatura cada vez mais elevada. "O clima está quente para os bichos de agora, imagine para o mamute, que era todo peludo, com muito mais camadas de gordura? Seria um incomodo desnecessário para o animal."