Japão calcula 300 mil mortes: por que é tão difícil prever um terremoto?

há 2 dias 2

Essa energia se acumula ao longo de falhas geológicas, onde blocos rochosos se movimentam. "Ele é gerado a partir da liberação da energia de atrito entre dois blocos rochosos", afirma o especialista.

A Terra está dividida em grandes placas tectônicas, que se movimentam constantemente. "Essas placas são como grandes blocos que se deslocam lentamente, e o atrito entre elas pode gerar terremotos", detalha Reis.

O ponto onde essa energia é liberada recebe o nome de epicentro. "Ela se propaga a partir de um ponto em todas as direções, em três dimensões", diz o geólogo.

Carro danificado após terremoto em Shika, no Japão
Carro danificado após terremoto em Shika, no Japão Imagem: Philip FONG / AFP

O papel do sismógrafo

Sismógrafos são equipamentos que detectam e registram as vibrações causadas por terremotos. "Ele mede a propagação da onda, essa vibração de partículas", explica Reis.

Continua após a publicidade

O sismógrafo não prevê o terremoto, apenas monitora sua ocorrência. "Ele não prevê, ele acompanha o processo de propagação do terremoto", diz o especialista.

Há sismógrafos espalhados em pontos estratégicos ao redor do mundo. "Esses equipamentos registram a vibração em todos os sentidos, conforme a onda sísmica se espalha", complementa Reis.

Mas por que é tão difícil prever um terremoto?

Vista aérea de uma parte da falha de San Andreas, na Califórnia; a falha geológica marca o limite entre as placas tectônicas do Pacífico e da América do Norte
Vista aérea de uma parte da falha de San Andreas, na Califórnia; a falha geológica marca o limite entre as placas tectônicas do Pacífico e da América do Norte Imagem: Carol M. Highsmith/Buyenlarge/Getty Images

Sabemos onde a energia se acumula, mas não quando ela será liberada. "A grande questão é quando essa energia vai ser liberada", afirma Reis.

As falhas geológicas são estruturas profundas e extensas, o que dificulta a instalação de sensores. "Muitos terremotos acontecem a 50 km de profundidade, e o furo mais profundo da crosta só chegou a 12 km", explica o professor.

Continua após a publicidade

Há desafios técnicos para medir o comportamento das rochas em grandes profundidades. "Tem esse desafio tecnológico de colocar sensores em uma profundidade que a gente não consegue nem furar ainda", diz Reis.

A energia pode ser liberada de forma gradual ou abrupta, o que torna a previsão ainda mais complexa. "Pode ser eliminada em sismos pequenos ou liberada de uma vez só em um sismo grande", analisa o geólogo.

O tipo de solo e a profundidade do epicentro também afetam o impacto. "Um sismo mais próximo da superfície tende a causar mais danos", afirma Reis.

A preparação das cidades faz diferença nos efeitos sentidos pela população. "Algumas cidades no Japão estão extremamente preparadas para aguentar mais essa vibração", diz o especialista.

Tecnologia e prevenção

Os estudos sobre terremotos estão mais avançados em países com histórico de grandes abalos. "Tem vários estudos sendo testados no Japão e na Califórnia", diz Reis.

Continua após a publicidade

A escala Richter mede a magnitude do tremor, enquanto a intensidade avalia os danos causados. "A magnitude é a energia propagada, e a intensidade está associada ao dano causado pelo terremoto", explica o professor da Unesp.

Países como Mianmar são mais vulneráveis por terem menos preparação e construções frágeis. "Mianmar tem muitos locais com solo muito mole, o que facilita a vibração e movimentação."

O Japão se destaca pela longa tradição em políticas de prevenção a desastres naturais, que inclui uma série de ações que ajudam a mitigar os efeitos, como barreiras e treinamentos para emergência. "A lei japonesa de desastres naturais tem mais de 100 anos", afirma o especialista.

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.

Leia o artigo completo