
Um terremoto de magnitude 3,4 foi registrado na última quarta-feira em Itajobi (SP), cidade a cerca de 400 km da capital. O evento foi registrado pela RSBR (Rede Sismográfica Brasileira) e analisado pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília.
Por muito tempo, acreditou-se que abalos sísmicos não aconteciam no país, o que não é real, mas as características da nossa placa tectônica nos "protegem" de grandes estragos.
Por que Brasil está 'protegido'
O planeta é formado por placas tectônicas que estão sempre em movimento. "Essas placas são como grandes blocos que se deslocam lentamente, e o atrito entre elas pode gerar terremotos", explica Fábio Reis, professor titular do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp de Rio Claro em entrevista a Tilt.
O Brasil está localizado no interior da Placa Sul-Americana. Por isso, nossos terremotos não têm a mesma intensidade dos que ocorrem nas bordas das placas, como no Japão e nos Estados Unidos.
Mesmo fora das bordas, tremores podem ocorrer nas chamadas regiões intraplaca. São áreas dentro das placas tectônicas onde há falhas geológicas. Nessas regiões, os tremores costumam ser mais suaves.
No Brasil, os abalos sísmicos geralmente têm origem em falhas geológicas antigas. Elas são causadas pelo desgaste da placa ou refletem tremores que ocorreram em países vizinhos.
Histórico de terremotos no Brasil é 'recente'
A rede de monitoramento sísmico começou a funcionar com precisão só em 1968. Foi nesse ano que o Brasil passou a integrar uma rede mundial de sismologia, com Brasília como sede do arranjo sismográfico da América do Sul.
Há relatos de tremores desde o início do século 20. Segundo o "Mapa tectônico do Brasil", da UFMG, o país tem 48 falhas onde os tremores costumam ocorrer.
O Sudeste e o Nordeste concentram o maior número de falhas geológicas. Depois vêm o Norte e Centro-Oeste, seguidos pelo Sul.
Itacarambi, em Minas Gerais, registrou a única morte causada por um terremoto no país. O tremor de 2007 teve magnitude de 4,9 graus, deixou cinco feridos e destruiu várias casas.
Prever um terremoto é uma tarefa quase impossível
Sabemos onde a energia se acumula, mas não quando será liberada. "A grande questão é quando essa energia vai ser liberada", afirma o geólogo Fábio Reis.
As falhas geológicas são profundas e difíceis de monitorar. "Muitos terremotos acontecem a 50 km de profundidade, e o furo mais profundo da crosta só chegou a 12 km", diz o professor da Unesp. "Tem esse desafio tecnológico de colocar sensores em uma profundidade que a gente não consegue nem furar ainda."
A energia acumulada pode ser liberada de forma gradual ou de uma vez. "Pode ser eliminada em sismos pequenos ou liberada de uma vez só em um sismo grande", analisa o especialista.
A profundidade e o tipo de solo influenciam nos impactos. Um sismo mais próximo da superfície tende a causar mais danos, por exemplo. A preparação urbana faz diferença na resposta aos tremores. "Algumas cidades no Japão estão extremamente preparadas para aguentar mais essa vibração", diz o geólogo. Japão e Califórnia estão na frente em estudos e prevenção.
Escala Richter mede a energia; a intensidade avalia os danos. "A magnitude é a energia propagada, e a intensidade está associada ao dano causado pelo terremoto", explica o especialista da Unesp.
*Com informações de matérias publicadas em 08/01/2014 e 16/04/2025
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