Balsas transportam menos mercadoria. Estas embarcações saem mais caro para as empresas, pela taxa da seca, pela capacidade ser menor do que a dos navios e por serem mais demoradas. Os navios têm capacidade de levar de 3.000 a 4.800 contêineres cada, enquanto as balsas maiores levam no máximo 400 por vez.
Empresas menores foram mais impactadas pela taxa da seca. Este valor é um adicional cobrado para o transporte de cargas nos rios em momentos de seca. Serafim Corrêa, secretário de estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas, afirma que algumas empresas conseguiram negociar os valores pedidos, isentando os pagamentos ou conseguindo valores menores. As companhias com menor poder de negociação foram as mais impactadas, precisando bancar com os valores pedidos pelas empresas de transporte.
A taxa parte de US$ 3.000 por container. Há casos em que foram cobrados US$ 5.000. No ano passado, o valor começou a ser praticado apenas após o início da seca, enquanto em 2024, as cobranças foram implementadas em agosto, após a Defesa Civil do estado informar que a seca seria ainda mais severa do que a do ano anterior — antes mesmo da seca impedir a navegação nos rios.
As balsas estão indo em direção ao porto de Belém. As cargas navegam por sete dias e, de Belém, seguem para o transporte rodoviário. Outra solução para a seca foi o deslocamento de dois terminais flutuantes para Itacoatiara, a 270 quilômetros de distância de Manaus, onde há profundidade suficiente para os navios atuarem. As indústrias da Zona Franca de Manaus enviam os contêineres em balsas e, ao chegarem no local, há o transbordo da carga para um navio.
Isso resolve o problema, não do ponto de vista de eficiência, mas a carga chega. Mas não há um tratamento de longo prazo.
Augusto Cesar Rocha, coordenador da Comissão de Logística do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas).
Em 2023, indústrias deram férias coletivas devido à seca. Sem produção, as companhias dispensaram os funcionários antecipadamente. Neste ano, os terminais garantiram o funcionamento das fábricas, que não relataram paradas pela seca até o momento. A Moto Honda, por exemplo, está fazendo o transporte de cargas via balsa até Belém e depois enviando as mercadorias pelas estradas aos seus centros de distribuição.