Heterodoxo, Galípolo sabe que servidor público não pode impor suas ideias

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Sinais de descontentamento com escolha, expressos por uma alta da cotação do dólar após o anúncio do anúncio da indicação de Galípolo pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não parecem ter se dado conta de que a segunda característica lembrada por Belluzzo — a noção de que a ocupação de cargo público suplanta a aplicação de ideias próprias — seria predominante no comportamento de Galípolo.

O indicado por Lula para a presidência do BC é um economista com características diferentes daquelas geralmente exibidas pelos ocupantes do cargo. Além da filiação a correntes de pensamento econômico mais à esquerda — o que foge muito da regra —, Galípolo deu aulas de economia, na tradição de muitos ex-presidentes do BC, mas a carreira acadêmica não foi sua principal atividade.

Também não é funcionário de carreira da instituição e sua passagem pelo mercado financeiro, segmento em que outros presidentes do BC se destacaram, não foi longa nem marcante em seu currículo. Interessa-se por filosofia e física, frequentando grupos de estudos sobre esses temas.

Galípolo veste melhor o figurino do administrador público. Formado em economia na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica, de São Paulo), com mestrado na mesma escola, aos 25 anos, em 2007, assumiu a chefia da assessoria econômica da Secretaria dos Transportes de São Paulo, no governo de José Serra. Um ano depois transferiu-se para a Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento.

Próximo ao grupo de economistas reunidos na Escola de Economia da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo) pelo ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, de visão desenvolvimentista. Foi nas reuniões de estudos desse grupo que Galípolo conheceu Haddad. Integrante do grupo, o economista José Márcio Rêgo definiu Galípolo para o jornal "Valor" como um "heterodoxo, mas não um heterodoxo ortodoxo, ele dialoga". Essa capacidade de diálogo do indicado para o BC também é destacada por Belluzzo.

Galípolo foi presidente do Banco Fator por quatro anos, período em que a instituição se valeu de seu conhecimento no desenho de parcerias público-privadas para coordenar diversos projetos de concessões e privatizações, com destaque para a Linha Amarela do Metrô de São Paulo e a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro).

O indicado à presidência do BC formou duradoura parceria com Belluzzo, com o qual divide a paixão futebolística pelo Palmeiras, na produção de um numeroso conjunto de artigos acadêmicos, mas também em publicações da mídia. Mantiveram por um ano sociedade em uma consultoria econômica, na qual, segundo Belluzzo, quem mais trabalhava nos projetos era o sócio.

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