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Acerto de contas
Haddad deverá participar da definição do tão falado pacote de ajuste das contas públicas, esperado por economistas e agentes do mercado financeiro.
Cedeu. A decisão de Lula ocorreu após estresse com a demora no anúncio das medidas, prometido para depois do segundo turno das eleições.
↳ Na sexta-feira, o dólar disparou a 1,5%, cotado a R$ 5,869.
Antes de cancelar a viagem, porém, Haddad havia reclamado da pressão, disse que a decisão do governo precisava de tempo e que uma semana a mais não atrapalharia.
Em visita ao Inep (Instituto Nacional de Pesquisa Educacionais) neste domingo (3), o presidente Lula se recusou a comentar o assunto.
Economistas afirmam que a presença de Haddad no Brasil esta semana é um sinal positivo, mas não basta.
Entenda: o ritmo de crescimento dos gastos do Orçamento traz incerteza sobre a sustentabilidade da dívida pública brasileira e sobre as próprias regras do arcabouço fiscal, porque ele limita o crescimento global das despesas em 2,5% acima da inflação. Entenda melhor nesta edição da newsletter.
O que está na mesa. A equipe de Haddad e Simone Tebet (Planejamento) apresentaram várias opções de ajuste ao presidente Lula, que segue sem bater o martelo.
Apuração da Folha revelou que a proposta geral seria a de estabelecer um limite de 2,5% para as despesas do tipo obrigatórias, mantendo seu ritmo igual ao global do arcabouço.
Se alcançado, haveria opções de gatilhos. Entre eles:
↳ Ajustes nas regras de um percentual mínimo à educação, nas regras do seguro-desemprego, em supersalários, no abono salarial e no seguro-defeso.
Apoio do Congresso. Em encontro com senadores na última semana, Fernando Haddad aproveitou para buscar apoio às propostas. Parte delas deverá ser implementada via emenda à Constituição.
Em entrevista, o presidente da Câmara, Arthur Lira, não se comprometeu exatamente com alguma das propostas, mas concordou com a pauta de ajuste.
Lira criticou a comunicação do governo, que teria dado abertura para a incerteza no mercado financeiro.
- "Para cumprir as metas, vai ter que cortar em algum lugar. Quando não diz quando, nem em que, tem problema de especulação de dólar, de juros, dessas coisas todas. Isso tem que ser tratado de maneira eficaz. O Haddad tem se esforçado", afirma.
Sobe e desce. Nesse contexto, a semana promete ser de fortes oscilações no mercado financeiro, a tão falada volatilidade.
Investidores acompanharão as decisões do Banco Central do Brasil e o dos Estados Unidos decidem a taxa básica de juros por aqui e por lá.
A inflação fora da meta, a alta do dólar e a desconfiança com as contas do governo Lula devem levar a alta nos juros por aqui, apesar do corte nos Estados Unidos.
Lenha na fogueira. Na política, investidores aumentam apostas de que a eleição dos Estados Unidos, cujo dia D é esta terça-feira (5), alimenta a incerteza e a força do dólar.
Análise do Financial Times mostra que a proximidade da disputa está pesando mais nos mercados do que a possibilidade de uma escalada do conflito no Oriente Médio.
Pesquisa do The New York Times mostra Kamala e Trump em empate técnico em todos os estados-pêndulo.
A era do Ray-Ban inteligente
A companhia europeia EssilorLuxottica, dona de marcas como Ray-Ban, aposta que o futuro é dos óculos inteligentes.
As vendas de seus Ray-Ban Meta Smart Glasses estão em alta, o que levou a empresa a alcançar um valor de 100 bilhões de euros (R$ 636 bilhões) nas últimas semanas.
High-tech. Os tais óculos foram criados a partir de uma parceria com a empresa de Mark Zuckerberg em 2021.
Nas versões mais recentes, é possível transmitir o que se vê diretamente em lives no Facebook e no Instagram.
Nos Estados Unidos, eles já são integrados com a inteligência artificial da Meta, permitindo buscar informações sobre o que se vê à frente.
↳ O preço começa em 300 euros (R$ 1.860).
Apetite forte. O sucesso financeiro dos últimos anos levou a EssilorLuxottica a fazer aquisições em diversos setores nos últimos anos.
Uma das principais foi a compra de uma fatia na Nikon, especializada em ótica de precisão e equipamentos fotográficos. A empresa também comprou a marca de roupas americana Supreme.
No setor de saúde, adquiriu a Heidelberg Engineering, de tecnologia oftalmológica, e a startup de tecnologia auditiva Nuance Hearing.
Novo paradigma. Os bons resultados reforçaram a parceria entre as empresas, que agora vão focar nos chamados "produtos vestíveis".
A Meta investiu bilhões de dólares recentemente para entrar nesse mercado, incluindo a criação de headsets de realidade virtual, como o recente Órion.
↳ Esses aparelhos são os principais concorrentes do Vision Pro, da Apple.
↳ A empresa também investe no segmento, sendo os relógios Apple Watch um dos destaques.
Sim, mas… As vendas fortes óculos inteligentes da Ray-Ban mostram que o formato tradicional dos óculos de grau e de sol pode ter suas vantagens, especialmente ao se aproveitar do design e das marcas de luxo.
Para entrar de vez no segmento, Mark Zuckerberg planeja adquirir uma participação simbólica de 5% na empresa.
↳ Um dos principais modelos do Ray Ban Meta Smart Glasses, por exemplo, é baseado no clássico Wayfarer,
↳ A EssilorLuxottica fabrica armações e lentes para Prada, Coach, Giorgio Armani e Chanel
Sem folga no mercado de trabalho
Faltam profissionais em alguns setores da economia brasileira, reflexo de um mercado de trabalho aquecido.
↳ São 103 milhões de brasileiros trabalhando, um patamar recorde.
↳ A taxa de desemprego está no mínimo já registrado para um terceiro trimestre, em 6,4%, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Onde falta gente. Levantamento do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) mostra que a construção civil é o setor mais sensível a esse cenário. A indústria de calçados também é outro segmento "no aperto".
Em setembro, 29,4% dos empresários da construção apontaram a escassez de mão de obra qualificada como algo que limita seus negócios.
A solução. A FGV questionou as empresas sobre o que elas têm feito para driblar a falta de mão de obra.
As principais medidas foram:
↳ Investir em treinamento, rodízio entre trabalhadores pelas obras e aumento da remuneração das vagas abertas.
Economia aquecida. O mercado de trabalho aquecido é um dos reflexos do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que tem surpreendido positivamente desde 2022.
Neste ano, a expectativa dos agentes do mercado financeiro é de que ele cresça 3%.
Sem folga. Esse cenário é apelidado por economistas como o de um mercado de trabalho "apertado", fenômeno por que passam também os Estados Unidos.
Um dos efeitos disso pode ser a alta da inflação. Como há poucos profissionais, os salários tendem a subir, o que puxa os preços cobrados pelas empresas aos consumidores.
O aperto estava, inclusive, na justificativa do Banco Central para a última alta dos juros.
De olho na Bolsa
Temporada de resultados esquenta, e Petrobras divulga lucro
A situação das contas do governo e as decisões sobre juros até têm impacto na Bolsa, mas são os resultados financeiros das empresas que devem pesar esta semana.
↳ A temporada de balanços do terceiro trimestre de 2024 começou no fim de outubro e ganha força agora.
↳ Dentre as principais divulgações estão os números de Petrobras, na quinta-feira (7).
O que esperar. Dados prévios de produção mostraram uma queda na produção de petróleo no trimestre, mas dentro do esperado. A empresa segue entre as recomendações de compra por analistas do mercado.
Em relatório, o banco Goldman Sachs estima que lucro de R$ 26,8 bilhões e R$ 12 bilhões em dividendos extraordinários aos acionistas.
↳ O banco vê a ação preferencial (PETR4) a R$ 39,40. Na sexta, fechou a R$ 35,42.
Outras grandes empresas a divulgar os números são Itaú (já nesta segunda-feira, 4), Embraer, Eletrobras, Klabin e Braskem. Ao todo, são mais de 100.