Grau de investimento do Brasil está mais 'no futuro', diz Fitch

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O governo brasileiro precisaria cumprir suas metas fiscais, estabilizar a dívida soberana em torno dos níveis atuais e construir sua credibilidade fiscal antes de ter uma atualização da nota de crédito, de acordo com a Fitch Ratings.

Embora o arcabouço fiscal do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma tão esperada reforma tributária do país tenham sido bem-vindas, a Fitch ainda não vê o fardo da dívida caindo ou mesmo se estabilizando em ritmo acelerado, disse Shelly Shetty, diretora e chefe de títulos soberanos da Ásia e das Américas na empresa de classificação.

"Ainda estamos vendo incertezas fiscais, ainda estamos vendo a dívida em um caminho ascendente", disse Shetty em entrevista em São Paulo. "Não achamos que a classificação vá subir no curto prazo, e a questão do grau de investimento está obviamente mais para frente."

A Fitch elevou o Brasil para BB —dois níveis abaixo do grau de investimento— em julho de 2023, com perspectiva estável. A S&P Global Ratings e a Moody’s Ratings também melhoraram suas posições sobre o país desde meados de 2023.

O governo Lula tem enfrentado crescente escrutínio sobre seu compromisso com a saúde fiscal, com investidores preocupados com a disposição do presidente em concordar com cortes de gastos para atingir as metas orçamentárias.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse à imprensa que acredita que o Brasil pode recuperar sua classificação de grau de investimento, que foi retirada há quase uma década.

Folha Mercado

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A economia grande e diversificada, bem como a taxa de câmbio flexível, podem ajudar o país a navegar por choques externos —e essas são características de grau de investimento, de acordo com ela.

"Mas o que puxa para baixo a classificação do Brasil é o fato de que as perspectivas de crescimento econômico permanecem no lado mais fraco", disse ela, acrescentando que seus déficits fiscais e o fardo da dívida também são "muito maiores" do que a mediana BBB da Fitch.

A Fitch está projetando que a dívida do Brasil ultrapassará a marca de 80% do PIB nos próximos dois anos e continuará a subir para cerca de 86% do PIB depois disso, disse Shetty.

"Para atualizarmos para um nível mais alto, estaríamos olhando para o desempenho fiscal e econômico do Brasil", disse Shetty.

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