Governo deve aprovar neste mês licitação de mais dois blocos de petróleo

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O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve aprovar neste mês a licitação de dois novos blocos de petróleo na bacia de Santos (SP), chamados de Rubi e Granada. Os dois ativos devem ser licitados sob o regime de partilha, quando a produção é dividida entre União e empresas.

O aval está previsto para quinta-feira (15) em reunião do CNPE (Conselho Nacional de Pesquisa Energética). O colegiado reúne diferentes ministros do governo —como Alexandre Silveira (Minas e Energia), que o preside, Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda).

De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo), a área total tem cerca 1.200 km² e seu potencial petrolífero foi estimado em um volume riscado médio total (produção passível de ser extraída) de 2,1 bilhões de barris de óleo equivalente.

Além disso, o CNPE deve aprovar uma resolução que determina a participação da Petrobras no bloco de Jaspe, na bacia de Campos (RJ), que também será ofertado sob o regime de partilha de produção. A estatal comunicou ao CNPE oficialmente em janeiro o interesse do direito de preferência no ativo, que está no plano estratégico da empresa e tem volume riscado médio total estimado de 448 milhões de barris de óleo equivalente.

Folha Mercado

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As aprovações são feitas em meio ao fortalecimento do discurso da gestão Lula em defesa do petróleo, apesar de o governo defender internacionalmente que o mundo se afaste dos combustíveis fósseis.

O discurso oficial cada vez mais consolidado é que a riqueza gerada pela atividade é importante inclusive para a transição energética, apesar de o governo não ter um plano formal para essa destinação e o argumento ser visto com ceticismo por ambientalistas.

Silveira voltou a defender na sexta-feira (9) a exploração, dizendo que a demanda vai permanecer existindo em todo o mundo.

"Não adianta o Brasil deixar de produzir petróleo e a demanda continuar. Porque aí ou o Brasil vai comprar, importar e perder soberania, ou o Brasil vai deixar de vender. Porque o mundo vai continuar tendo demanda. Então nós precisamos de ter bom senso e equilíbrio para poder desenvolver o Brasil", disse.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, também reiterou na sexta a investidores a defesa pela expansão petrolífera no Brasil e disse que o pré-sal é uma riqueza incontestável para o país. "É muito importante que se diga que, sem reposição de reserva de petróleo e gás, a Petrobras estaria fadada ao insucesso", afirmou em apresentação sobre os resultados do trimestre.

Ela disse que os ativos de óleo e gás no Sudeste continuam tendo oportunidades de exploração, citou como promissora a atividade na bacia de Pelotas, no Sul do Brasil, e aproveitou para chamar a atenção para a chamada Margem Equatorial —o principal interesse da estatal para expandir suas reservas.

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) já negou a licença de perfuração na região em 2023, dizendo que não havia sido apresentada a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) e que tinha identificado inconsistências preocupantes para a operação segura na região. Agora, vem sofrendo pressão do governo recuar dar o aval.

"Embora ainda existam oportunidades exploratórias no pré-sal e nas bacias do Sudeste, nós não podemos renunciar à exploração responsável das bacias da Margem Equatorial brasileira", afirmou.

"É fundamental para a Petrobras e para o Brasil que obtenhamos licença para perfurar os poços exploratórios necessários. Isso porque, se confirmado o potencial da área, serão absolutamente incontestes para a sociedade os resultados em termos de emprego e renda", disse.

O governo e a Petrobras também argumentam que a atividade no pré-sal brasileiro gera menos gases de efeito estufa do que outros pontos de exploração de petróleo. O discurso é que esses indicadores, somados ao fato de que o mundo continua usando combustíveis fósseis, fariam o país, na verdade, contribuir para a diminuição das emissões em escala global.

A Petrobras diz que certos campos do pré-sal, como Tupi e Búzios, geram 10 kg de gás carbônico equivalente por barril, enquanto a média da indústria global é de 17,2 kg. "O portfólio do futuro para a indústria de óleo e gás será composto por companhias que sejam capazes de produzir em larga escala, com baixos custos e baixas emissões", afirma a estatal.

Além das decisões ligadas a blocos de petróleo, o CNPE deve aprovar medidas voltadas à descarbonização em óleo e gás e autorizar um grupo de trabalho a elaborar diretrizes para o mercado nacional de combustíveis de aviação.

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