Casamentos movimentam a economia, mas há quem faça por amor

Divulgação/Kandaru Foto

Casamento de Renata Levino Rodrigues e Carlos Henrique Zanineli teve 7 horas de festa e casal engrossa estatística dos que apostam em 2º chance

Que o setor de casamentos é uma crescente, não há dúvidas. De acordo com um levantamento da Casar.com, plataforma de sites e listas de casamento em conjunto com a Assessoria VIP, o setor de casamentos deve movimentar 31,7 bilhões de reais este ano, atingindo a marca de 476 mil cerimônias realizadas. Porém, no meio de tanta agitação, uma mudança de comportamento vem chamando a atenção de especialistas em relacionamentos e fornecedores do ramo de eventos: a crença no amor e na segunda chance.

Sim, é nítido que os brasileiros ainda acreditam no casamento e mais, não apenas uma vez ou para a vida toda. O segmento absorve uma nova leva de divorciados e pessoas com mais de 40 anos que se casa, comemora e vibra pela conquista da felicidade. “Há mais de 20 anos vestindo noivas e agora, noivos, percebo uma demanda de uniões realizadas por casais mais maduros, seja por escolha profissional ou até por terem vivido histórias no passado que não deram certo. Os casais de hoje sabem o que querem e são mais decididos”, comenta Graziane Souza, proprietária das lojas Delicacy Maison e Mr.D.Suits de trajes para festa.

Os números são marcantes e estão em crescimento, mas maior que esse cenário é o sentimento que ainda une as pessoas por um objetivo comum: a felicidade. Para a psicanalista Cíntia Castro, ainda há um lugar significativo para o propósito e o amor nas celebrações matrimoniais, e isso transcende em muito os aspectos econômicos da indústria de casamentos. “Embora o casamento seja um setor que realmente movimenta a economia, ele encontra suas raízes mais profundas no desejo humano de conexão e significado, afinal são pessoas atendendo e assistindo sonhos. Quando a celebração está fundamentada no amor verdadeiro e no compromisso sincero, ela gera um campo emocional compartilhado que toca a todos ao redor”, defende.

Do dia da noiva ao choro do fornecedor do buquê: emoção pura

A reportagem do portal Jovem Pan acompanhou de perto um desses eventos e presenciou a reação de convidados, fornecedores, familiares e amigos envolvidos na história do casal Renata Levino, 43 e Carlos Zanineli, 38. O mais curioso é que este é o segundo casamento de ambos e, por isso, eles fizeram questão de comemorar e inovar na cerimônia e na festa, obviamente. “Posso dizer que encontrei minha alma gêmea e quis compartilhar essa alegria com todos que amamos, assim fortalecemos vínculos e desenhamos memórias que não podemos apagar. Tudo aconteceu da melhor maneira possível e nos surpreendeu”, revelou a noiva.

Eles se conheceram há um ano e pouco e esse foi o tempo suficiente para que se permitissem viver o amor. “Nosso primeiro encontro aconteceu com nossas filhas de 13 anos junto e desde então, não nos largamos mais. Já nos conhecíamos de vista do trabalho, mas nunca tínhamos nos aproximado antes. Sabe a história que a música do Jota Quest conta que o amor pode estar do seu lado? Bem isso”, contou o noivo que é Gerente de Soluções Digitais da Latam. Aliás, outro estereótipo quebrado: ambos tiveram que reportar ao RH da empresa sobre o namoro, já que Renata é Especialista em Projetos de TI na mesma empresa.

Para que dessem conta de organizar tudo em tempo recorde, o casal contratou uma assessoria de casamento, que também se envolveu com sua história. “Desde nossa reunião inicial vivenciamos a boa energia dos dois e testemunhamos os brilhos dos olhos e o cuidado um com o outro, na escolha de cada detalhe. Mesmo estando no mercado há tanto tempo e tendo realizado muitas cerimônias, essa foi especial e extremamente única”, fala Amanda Franco, da Mandy Nunes Assessoria. Acostumada a cuidar de eventos há mais de dez anos, a empresária também nota a mudança comportamental gritante que chancela um novo hábito: as pessoas estão decididas a vivenciar o amor.

Nossa repórter, que foi madrinha e é amiga de Renata há anos, pôde vivenciar de perto o caminho até o altar e acompanhou os preparativos junto à noiva desde as dez da manhã do dia do casamento. Uma equipe de cabelo e maquiagem foi escalada para produzir doze mulheres em uma casa locada em Perdizes.

“Minha missão como maquiadora e penteadista é iluminar esse dia especial, por isso mantenho um time de oito profissionais treinados sendo que temos dois diferenciais: técnica exclusiva com acabamento impecável e atendimento humano. Sobre essa união e como cristã que sou posso afirmar que além de elegante, a noiva emana alegria, empoderamento e luz. O amor envolvido nesse evento vai além do que podemos imaginar”, confessa Pati Mirandola, que há mais de 5 anos é especialista em noivas e foi responsável pela produção da estrela da noite.

De todas as cenas presenciadas por nossa colunista, uma chamou atenção: um senhor de 52 anos que saiu aos prantos do camarim da noiva e pediu um pouco de água. “Ela está deslumbrante e é uma bênção vê-la emocionada com o buquê que confeccionei. Quando eu entrego o meu trabalho e vejo a reação da noiva é um momento único: presencio minha criação tomando vida e sendo recebida de braços abertos. A Renata foi uma noiva especial que me gerou expectativa porque me contou sua história de amor. Ao vê-la pronta e sorrindo, tive uma descarga emocional enorme porque esse é meu trabalho há mais de 30 anos, com todo amor e dedicação do mundo”, explica Cícero Salviano, da CS Buquês.

De acordo com a terapeuta, essa celebração foi mais do que uma simples festa, foi um grito que refletiu a importância de recomeços e a coragem de abrir-se para novas experiências. “Ao contrário de um primeiro casamento, que muitas vezes carrega sonhos e expectativas tradicionais, o segundo casamento é frequentemente marcado por um senso mais profundo de autoconhecimento, maturidade emocional e o reconhecimento do valor das segundas chances”.

É comum que um segundo casamento traga uma alegria renovada, visto que os parceiros se encontram com uma visão mais clara de suas necessidades emocionais e do que significa realmente compartilhar a vida. “A comunidade de fornecedores se emocionou com o verdadeiro simbolismo do evento: a prova tangível de que, apesar das inevitáveis frustrações e dificuldades, sempre há espaço para reconstruir sonhos e encontrar felicidade”, complementa a especialista.

Para nossa repórter, a cereja do bolo foi a participação ativa das filhas, tanto a da noiva quanto as gêmeas do noivo. Acompanhar a entrada deles com as meninas no lugar dos pais, ver a ansiedade das adolescentes horas antes e depois a curtição delas na pista e aproveitando cada pedacinho da festa foi contagiante.

Sem falar na emoção de assistir ao discurso que elas fizeram, emocionadas e em êxtase, no meio da festa, verbalizando a alegria de verem os pais felizes e de formarem uma nova família. Em tempos difíceis como os que vivemos, isso acalenta e faz refletir e mostra que ainda temos valores e que nem tudo está perdido.