Futuro secretário do Tesouro de Trump diz que anular cortes de impostos vai provocar 'calamidade'

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Scott Bessent, futuro secretário do Tesouro dos EUA, disse aos senadores nesta quinta-feira (16) que vai usar o poder econômico do país contra seus inimigos geopolíticos, defendeu as ameaças tarifárias de Donald Trump e pressionou por cortes de impostos e menos regulações no país.

O bilionário que chefia um fundo de hedge detalhou os planos do novo mandato de Trump para remodelar a maior economia do mundo.

"Devemos garantir cadeias de suprimentos que são vulneráveis a concorrentes estratégicos, e devemos implantar cuidadosamente sanções como parte de uma abordagem de todo o governo para atender aos nossos requisitos de segurança nacional. E, de forma crítica, devemos garantir que o dólar americano permaneça a moeda de reserva mundial", disse Bessent em uma acalorada sabatina que durou três horas.

Ele disse que a "questão econômica mais importante" é a renovação dos cortes de impostos para indivíduos e empresas introduzidos por Trump em 2017, que será o tema de uma batalha feroz no Congresso este ano.

O fracasso em estender os cortes para pessoas e empresas desencadearia uma "calamidade econômica" para os EUA, "e como sempre com a instabilidade financeira, isso recai sobre as pessoas da classe média e trabalhadora".

Mas Bessent também fez comentários incisivos sobre a política econômica internacional, incluindo uma promessa de apoiar possíveis sanções ao setor de petróleo russo em um esforço para intensificar a pressão sobre Moscou devido à guerra na Ucrânia.

"Se o presidente Trump solicitar [isso], e como parte de sua estratégia para acabar com a guerra na Ucrânia, estarei 100% a bordo para aumentar as sanções, especialmente sobre as principais empresas de petróleo russas, a níveis que trariam a Rússia à mesa", disse Bessent.

Seus comentários elevaram os preços do petróleo, à medida que os comerciantes consideravam a perspectiva de um fornecimento global de petróleo mais restrito.

O petróleo Brent subiu mais de US$ 1 após os comentários de Bessent, para mais de US% 81 por barril. Espera-se também que a nova administração mire o petróleo iraniano e venezuelano com sanções mais duras, enquanto Trump busca aumentar a pressão econômica sobre os adversários dos EUA.

As ações dos EUA subiram desde que Trump venceu a eleição de 5 de novembro, enquanto Wall Street abraçou sua agenda, com chefes dos maiores bancos do mundo —que anunciaram lucros robustos esta semana— dizendo que o otimismo sobre os planos econômicos da nova administração havia desencadeado "espíritos animais".

No entanto, executivos de grandes bancos, falando esta semana, também alertaram que as ameaças de Trump de impor tarifas abrangentes poderiam ser inflacionárias.

Bessent usou seu interrogatório pelo Comitê de Finanças do Senado —que deve aprovar sua nomeação antes de ir para uma votação completa na Câmara— para defender esses planos.

Embora não tenha oferecido novos detalhes, Bessent disse que Trump usará tarifas para combater práticas comerciais desleais, aumentar as receitas para o governo dos EUA e fechar acordos com outros países.

Bessent também disse que pressionará a China a comprar mais produtos agrícolas dos EUA, como milho e soja, sob os termos do acordo de compra que Trump negociou com Pequim para aliviar as tensões comerciais durante a primeira administração do líder republicano.

Trump continuaria a aplicar agressivamente controles de exportação a produtos dos EUA destinados à China, disse ele.

"Devemos ter um processo de triagem muito rigoroso para qualquer coisa que possa ser usada em IA, em computação quântica e vigilância, em chips", disse Bessent.

Sobre as perspectivas econômicas, Bessent disse acreditar que a inflação continuaria a se aproximar da meta de 2% do Federal Reserve e insistiu que o governo Trump respeitará a independência do banco central americano em relação à política monetária.

Mas ele alertou que o Tesouro dos EUA terá dificuldades para usar sua "capacidade de endividamento" em tempos de crise devido à posição fiscal deteriorada do país.

"Estou preocupado porque várias vezes o Tesouro dos Estados Unidos foi chamado para salvar a nação, seja na Guerra Civil, na Grande Depressão, na Segunda Guerra Mundial ou na recente epidemia de Covid", disse Bessent.

Ele acrescentou que "com o que temos agora, seria difícil fazer o mesmo".

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