Foguete da SpaceX lança de uma vez só duas missões privadas à Lua

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A madrugada desta quarta-feira (15) viu duas missões lunares privadas partindo juntas. Oriundas dos Estados Unidos e do Japão, elas envolvem uma empresa estreando em voos à Lua e outra que por pouco não conseguiu alunissar em sua primeira tentativa.

O foguete a impulsioná-las é o confiável Falcon 9, da SpaceX, até hoje o único veículo de capacidade orbital a fazer pouso e reúso frequente do seu primeiro estágio (a concorrente Blue Origin, com seu foguete New Glenn, busca seguir essa trilha em breve). Ele partiu às 3h11 (de Brasília, 1h11 no horário local), a partir da plataforma 39A do Centro Espacial Kennedy, da Nasa, na Flórida.

O lançador fez seu serviço com a costumeira eficiência e colocou em uma órbita elíptica ao redor da Terra as duas espaçonaves: primeiro a carga principal, o módulo Blue Ghost da empresa americana Firefly Aerospace, e depois a secundária, o módulo Resilience, da companhia japonesa ispace.

A partir desse ponto, cada missão tomou seu próprio caminho na jornada até a Lua.

BLUE GHOST 1

A missão inaugural da Firefly, batizada de Ghost Riders in the Sky (uma referência a uma canção country), faz parte do programa de transporte comercial de cargas lunares da Nasa. A agência espacial americana decidiu substituir missões robóticas próprias à Lua por contratos de "carreto" feitos pela iniciativa privada.

Até agora, duas missões americanas nesses moldes já foram executadas, no ano passado: a Peregrine, da Astrobotic, que fracassou ainda na partida da Terra, por causa de uma ruptura de um tanque de propelente, e a Odysseus, da Intuitive Machines, que realizou o primeiro pouso privado bem-sucedido na Lua, em 22 de fevereiro. Na soma, 50% de aproveitamento. O módulo Blue Ghost vai mudar essa estatística. Mas não tão já.

O plano da Firefly é realizar com ele uma jornada gradual de 45 dias até a Lua, primeiro aumentando a órbita ao redor da Terra, depois sendo capturado pela gravidade lunar e reduzindo a órbita até a manobra para o pouso, no comecinho de março, na região do Mare Crisium, no lado próximo da Lua.

Ele levará dez experimentos com transporte financiado pela Nasa, equipamentos originários de centros da agência, empresas e universidades. Em caso de alunissagem bem-sucedida, eles devem operar no solo lunar por cerca de 14 dias (tempo que dura o período diurno na superfície da Lua). Equipado com painéis solares, ele deve operar apenas umas poucas horas na noite lunar, antes de encerrar suas atividades.

RESILIENCE

A missão da empresa japonesa ispace que voou como carga secundária no Falcon 9 é designada simplesmente como M2. Ela traz toda a herança tecnológica do primeiro módulo de pouso de modelo Hakuto-R, que foi lançado em dezembro de 2022 e realizou uma longa missão espacial de 135 dias, antes de uma tentativa frustrada de alunissagem em 25 de abril de 2023.

Naquela ocasião, a espaçonave fora bem-sucedida até poucos segundos antes do pouso, quando o contato foi perdido. A investigação pós-missão revelou que o módulo foi perdido por falta de combustível, por uma falha no computador de bordo, que ignorou os dados do altímetro e interpretou erradamente a altitude. Com isso, a M1 terminou com o Hakuto-R se espatifando com o solo lunar.

Ainda assim, a companhia havia cumprido 8 dos 10 objetivos da missão, faltando apenas a conclusão da sequência de pouso e o funcionamento em solo. São essas duas novas metas que a ispace espera realizar, tornando-se uma das primeiras companhias do mundo, e a primeira não americana, a pousar na Lua.

A espera, contudo, será longa. A exemplo da M1, a M2 também fará uma trajeto mais longo, operando por 4 a 5 meses no espaço antes de tentar descer no Mare Frigoris, também no hemisfério próximo lunar.

O módulo de pouso, dessa vez batizado de Resilience, levará seis cargas úteis contratadas para transporte ao solo lunar: três experimentos científicos, uma placa comemorativa, um modelo de casa feito pelo artista sueco Mikael Genberg e um microrrover, chamado Tenacious. Também está a bordo um disco de memória da Unesco, órgão das Nações Unidas voltado para a ciência, a cultura e a educação), com conteúdo concentrado na diversidade linguística e cultural.

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