Após 37 dias internado na Policlínica Gemelli, em Roma, onde esteve entre a vida e a morte por conta de uma pneumonia dupla, o Papa Francisco apareceu na janela de seu quarto, no último domingo, para saudar e abençoar três mil fiéis em vigília. Era chegada a hora da alta e de, finalmente, voltar ao Vaticano.
Para a surpresa de muitos, o carro no qual o Santo Padre embarcou (no banco da frente) foi um modestíssimo Fiat 500L branco, placa SCV-01321. Faz parte da frota de veículos comuns do Vaticano, e não dos utilizados em cerimônias.

Foto de: Jason Vogel
Depois de 37 dias internado, o Papa recebeu alta e voltou ao Vaticano no modesto Fiat 500L
No domingo, porém, o 500L teve seu momento de glória, cercado por fotógrafos, cinegrafistas e agentes de segurança. Sua rota original, entre o hospital, no bairro Trionfale, e a Casa Santa Marta, residência oficial do Pontífice no Vaticano, seria de 7,9 km.
O Papa Francisco, contudo, decidiu estender o trajeto até a Basílica de Santa Maria Maior, para deixar um ramalhete de flores amarelas diante do ícone da Salus Popoli Romani, em agradecimento por sua recuperação. Assim, o Fiat 500L papal cruzou o Rio Tibre, percorrendo cerca de 20 km. Suas imagens pelas ruas de Roma foram mostradas em todo o mundo.

Foto de: Jason Vogel
O 500L pelas ruas de Roma

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Antes do Vaticano, uma paradinha na Basílica de Santa Maria Maior
Para alguns, pode parecer inusitado ver o Papa em um carro como o 500L, modelo que saiu de produção em 2022. Mas desde sua posse, em 2013, Bergoglio tem preferido carros comuns, como o 500L ou mesmo o Fiat Panda, em vez de veículos luxuosos. Essa escolha automotiva é uma das marcas da humildade de seu pontificado.
Quando estava melhor de saúde, Francisco frequentemente usava o 500L “bianco gelato” (branco sorvete) para ir, quase incógnito, ao centro de Roma. E há outros aspectos práticos: poucas opções no mercado italiano oferecem tanto espaço interno em uma carroceria compacta (4,15 m de comprimento e 2,61 m de entre-eixos), o que torna o Fiat ideal para alguém com dificuldades de locomoção, como o pontífice de 88 anos. A altura do banco também facilita entrar e sair do carro.

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Fiat 500L Sport igual ao usado pelo Papa Francisco

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Um trono papal bem mais modesto que o das Mercedes-Benz
Na versão Sport, como o 500L do Vaticano, o carro podia sair com motor 1.4 16v Fire a gasolina (95 cv), 1.3 16v Multijet II a diesel (também de 95 cv) ou 1.6 16v Multijet a diesel (120 cv). Na Itália, um 500L Sport modelo 2021 custa em torno de € 13 mil, ou R$ 80 mil, na conversão direta.

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Por muito tempo, esse Focus azul foi o carro oficial do Papa Francisco
No princípio era o Focus
Por muitos anos, os papas utilizaram modelos de alto padrão da Mercedes-Benz, como limusines 600 ou os sedãs Classe S. Mas, em sua primeira saída do Vaticano como Papa, em 2013, Francisco escolheu um Volkswagen Phaeton V6 3.0 que era usado pela guarda do Vaticano.
O Papa argentino estava em busca de um automóvel mais humilde e comum que o opulento Mercedes S500 Landaulet dos antecessores João Paulo II e Bento XVI (a marca alemã tem a tradição de presentear carros aos Pontífices).

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Mercedes 300 SEL Landaulet - até a chegada de Francisco, os Mercedes eram os carros mais usados pelos Papas
Um belo dia, ainda em 2013, Francisco avistou um Ford Focus azul escuro, placa SCV-00919, em frente à Casa Santa Marta. Era um modelo 2006 que já estava com aposentadoria marcada, após 7 anos de uso em serviços gerais do Vaticano.
Diante do interesse do Sumo Pontífice, o Focus foi encaminhado para uma revisão e polimento, passando a ser usado por Francisco em todos os seus deslocamentos, visitas pastorais e compromissos institucionais até 2021, pelo menos. Nesse tempo, o hatch chegou a receber a placa SCV-1, em caracteres vermelhos, de uso exclusivo dos Papas.

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Mercedes-Benz 460 Nürburg limousine do Papa Pio XI (1930)

Foto de: Jason Vogel
Hoje, o uso dos Mercedes está restrito aos papamóveis cerimoniais, como este recente Clase G elétrico
S.C.V. vem do latim “Status Civitatis Vaticanæ”, ou Estado da Cidade do Vaticano. A sigla é usada nas placas desde 1930, mesmo ano em que o Papa Pio XI recebeu uma limusine Mercedes-Benz 460 Nürburg, com um trono no lugar do banco traseiro. Esse automóvel permanece no Vaticano e pode ser visto no museu-garagem Padiglione delle Carrozze.
Hoje, os modelos da Mercedes-Benz ficam restritos ao uso como papamóveis, em cerimônias. Recentemente, a marca alemã mandou para o Vaticano um Classe G elétrico.

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Nos EUA, em 2015, o primeiro contato com o 500L
No Rio, Idea da Localiza
O Fiat 500L branquinho entrou em cena em 2022. O Papa, contudo, já havia tido contato com o modelo em 2015, durante uma visita de cinco dias aos Estados Unidos (no ano seguinte, o exemplar foi vendido por US$ 82 mil em um leilão, com verba destinada à Arquidiocese Católica Romana da Filadélfia).
Na viagem ao Rio de Janeiro em 2013, para a Jornada Mundial da Juventude, Francisco usou um prosaico Idea prateado, alugado pela Fiat na Localiza! Com grandes janelas e bom espaço no banco de trás, o modelo atendia a premissa de ser um carro sem qualquer luxo, “onde o Papa pudesse ver e ser visto pelos fiéis”. O motorista do Idea meteu-se com o Sumo Pontífice num engarrafamento em plena Avenida Presidente Vargas, esquina de Avenida Passos, no centro da cidade, e o povo nos ônibus, voltando para casa, mal podia acreditar. Os vidros do Idea estavam abertos e tanta gente se amontoou para pedir bênçãos ao Papa que o carro foi amassado.

Foto de: Jason Vogel
O Idea engarrafado no Rio, cercado pela multidão
No fim, a Fiat comprou da Localiza o “Idea do Papa”. Hoje, o carro está em Betim, junto com outros carros do acervo da fábrica. Parado, empoeirado, mas guardado sob um teto para alguma utilização futura. O detalhe é que mantém os amassados de seu dia de fama.
Em suas viagens pelo mundo Francisco usou outros modelos “normais”, como um Kia Soul (na Coreia do Sul, nos Emirados Árabes, na Geórgia e no Azerbaijão), um Fiat Albea/Siena e um Renault Symbol (na Turquia) e um VW Golf (na Polônia).

Foto de: Jason Vogel
Fiat 500L nasceu para substituir o Fiat Idea e o Multipla
O que é um 500L?
Lançado em 2012, o Fiat 500L nasceu na Europa para substituir, ao mesmo tempo, os Fiat Idea e Multipla, além do Lancia Musa (gêmeo do Idea). A frente lembrava a do Cinquecento, mas sua base era a plataforma Small Wide, da FCA — a mesma dos Jeep Renegade e Compass, e também da Fiat Toro.
As linhas do 500L são criação de Roberto Giolito (o mesmo designer do polêmico Múltipla 1998). Trazem o conceito de cabine avançada típico das minivans. Só que este dito monovolume não é, exatamente, um monovolume — já que tem a frente ligeiramente destacada. Essa dianteira tem as mesmas características do pequenino 500, porém adaptada a uma carroceria mais longa.

Características do visual seguiam o padrão do pequeno Cinquecento
Inicialmente, o modelo seria feito na fábrica Fiat Mirafiori, em Turim, Itália — mas foi a unidade da FCA na Sérvia, nas antigas instalações da Zastava, quem acabou encarregada da produção.
O modelo destacou-se pela ampla capacidade interna, com cinco ou sete lugares, e pelo preço acessível. Era equipado com motores a gasolina de dois ou quatro cilindros, com cilindrada de 875 cm³ a 1.598 cm³ e potência de 85 cv a 120 cv. As versões a diesel e GNV fizeram sucesso na Itália.
O carro foi comercializado na Europa e chegou aos EUA, onde fazia parte da família 500. Saiu de linha em 2022, após mais de 750 mil exemplares produzidos. Teoricamente, o 500L foi substituído pelo crossover elétrico ou híbrido Fiat 600 — modelo que já não tem um espírito tão franciscano.
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