"O português não é de Portugal", afirma o português José Manuel Diogo, diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira e criador do novo Fliparaíba, o primeiro Festival Literário Internacional da Paraíba, que acontecerá desta quinta-feira (28) a sábado (30) em João Pessoa.
Para o colunista da Folha, o festival não poderia acontecer em outro lugar. A capital da Paraíba, por questão de simbolismo geográfico —sendo o ponto mais oriental das Américas—, serve como um ponto de encontro "entre o Velho e o Novo Mundo".
"É o lugar ideal para fazer convergirem os pensadores dos países de língua oficial portuguesa", segundo ele.
O festival nasceu de um encontro entre ele e o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), após Diogo apresentar sua palestra "Camões 500 - Dez Ideias para um Futuro Descolonizado". A conversa aconteceu em agosto e o festival foi montado já para novembro.
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A comemoração dos 500 anos de Camões é central nas discussões sobre descolonização. As dez ideias apresentadas por Diogo se tornaram tema de cada uma das dez mesas do festival, um caminho idealizado pelo autor para levar gradualmente à descolonização.
As propostas são como um receituário para um processo de desconstrução que já está em curso no mundo lusófono. Na discussão acerca da língua portuguesa, Diogo é contra a ideia de língua "brasileira" mas também condena "uma classe em Portugal, muito arrogante, que tem uma visão retrógrada e purista da língua"
Sua intenção é que o Fliparaíba seja um lugar de encontro, com autores e autoras que vêm de cinco diferentes países onde a língua oficial é o português —Brasil, Angola, Cabo Verde, Moçambique e Portugal. Tom Farias, jornalista que também é colunista da Folha, é cocurador do evento.
O diretor já planeja a próxima edição do festival em 2025 —descolonização do patrimônio físico e intelectual. "O objetivo principal será combater estátuas quebradas, vandalismos e insultos."