Exercício inédito integra operações das Forças Armadas

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As Forças Armadas brasileiras realizaram nesta sexta (20) pela primeira vez um exercício militar simulando situações de combate com integração total da comunicação de seus três ramos: Força Aérea, Exército em Marinha.

O treinamento foi comandado pela Aeronáutica e faz parte da certificação final do sistema Link-BR2, um moderno sistema de comunicação segura que irá equipar a partir de março de 2025 a frota brasileira, a começar pelos novos caças do país, os suecos Saab Gripen.

O salto proposto no exercício realizado no Rio Grande do Sul com presença do comandante da FAB, brigadeiro Marcelo Damasceno, vai além disso. Foi demonstrada a capacidade de integrar com um só sistema digital caças, blindados, navios e centros de controle, otimizando o tempo de reação a ameaças.

Cada Força tem seu sistema, que até aqui não se conversavam. Além do Link-BR2 na FAB, o Exército opera o RDS Defesa e Gerador de Campo de Batalha, enquanto a Marinha tem o MDLP (Multi Data Link Processor), que permite troca de mensagens entre links próprios como o Yb e o Sterna.

O Link-BR2 vem sendo desenvolvido desde 2020 pela AEL, empresa gaúcha controlada pela Elbit israelense, que também trabalha para o Exército. Em 2022, havia recebido R$ 22 milhões (R$ 15 milhões dos quais viraram restos a pagar), e R$ 7 milhões estão previstos para este ano.

Tal integração é vital na guerra moderna, em ambientes saturados de bloqueadores de sinais e com uma infinidade de vetores, como drones —a Guerra da Ucrânia é um laboratório para essas tecnologias. Esses sistemas são conhecidos no autoexplicativo jargão militar como C4I, referência à sigla inglesa para comunicação, comando, controle, computadores e inteligência.

A Otan, aliança militar de 32 países liderada pelos EUA, tem um sistema padronizado, o Link-16. A Rússia, principal rival do Ocidente, tem variantes mais antigas, sendo incerta a capacidade da versão moderna conhecida como Osnod.

O Link-16, resistente a vários tipos de bloqueadores, foi adaptado à versão comprada por Portugal do turboélice de ataque leve Super Tucano, da Embraer. O cargueiro KC-390 da empresa, já vendido a sete países europeus.

Esses aviões deverão ganhar o Link-BR2, que inicialmente será integrado ao caça Gripen, cujo primeiro voo com o sistema está previsto para o primeiro semestre do ano que vem, e os antigos F-5 modernizados.

"Desde que o Ministério da Defesa foi criado, há 25 anos, surgiu a necessidade da interoperabilidade entre as Forças, de realizar as operações de forma conjunta. Hoje temos soluções tangíveis. Passamos uma fase muito importante", disse Damasceno.

EXERCÍCIO SIMULOU QUATRO CENÁRIOS

Nesta sexta, foram executadas quatro simulações. Na primeira, um helicóptero H-225M fez um ataque para liberar um porto interditado por inimigos, destruindo um navio detectado por um drone da FAB e pelo navio Mearim.

Na segunda, dois caças F-5M da FAB decolaram de Canoas para abater adversários, orientados por radares de solo do Exército.

A terceira simulação é uma operação terrestre com apoio da FAB. Um avião-radar E-99M da Embraer identifica um helicóptero inimigo. Um blindado do Exército faz reconhecimento de área e, com binóculos termais, vê forças especiais dos rivais desembarcando. A partir daí, o grupo é interceptado por tropas brasileiras.

Por fim, o avião-radar identifica a decolagem e fuga de um helicóptero inimigo. Um A-29 Super Tucano levanta voo para interceptá-la.

O exercício envolveu três caças F-5, uma viatura blindada Marruá, o navio de apoio oceânico Mearim, perto da costa de Rio Grande, e foi coordenada pelo sala de comando da Base Aérea de Canoas. Os outros armamentos foram simulados em computador, aparecendo como reais nas telas de controle.

"Nesse exercício, podemos ver todos operando em conjunto, em um mesmo cenário", diz o presidente da AEL, Gal Lazar.

Alguns críticos apontam o fato de que a comunicação sigilosa militar brasileira é gerida em parceria com uma empresa estrangeira, mas esta é a realidade atual devido à necessidade. tecnológica. Por toda retórica do governo Lula (PT) e os esforços em ser independentes com o bloco Brics, por exemplo, o fato é que do ponto de vista militar o Brasil sempre foi parte do Ocidente.

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