A governo de Joe Biden afrouxou nesta sexta-feira (3) os critérios para que produtores de hidrogênio verde reivindiquem créditos fiscais, em meio a uma corrida para ajudar o setor e garantir seu legado de energia limpa antes da posse de Donald Trump.
O departamento do Tesouro adiou requisitos mais rigorosos para o setor por dois anos, até 2030. A partir deste ano, desenvolvedores de hidrogênio verde precisarão provar que sua produção é alimentada por energias renováveis hora a hora, em vez de anualmente, para se qualificar para os créditos.
A mudança ocorre após um ano de intensa pressão de desenvolvedores que argumentaram que as regras preliminares eram muito rígidas e prejudicariam a indústria nascente. A data de início para a certificação agora está alinhada com a UE (União Europeia), um alvo para as exportações de hidrogênio limpo dos EUA.
O Tesouro também está permitindo que o hidrogênio produzido usando energia de usinas nucleares existentes se qualifique em suas regras finais, desde que o projeto evite a aposentadoria de uma usina nuclear. Isso expande suas regras preliminares que exigem que os desenvolvedores produzam hidrogênio a partir de novos projetos de energia limpa, como solar ou eólica, que estão conectados à sua rede regional.
"As extensas revisões fornecem a certeza de que os produtores de hidrogênio precisam para manter seus projetos em andamento e fazer dos Estados Unidos um líder global em hidrogênio verdadeiramente verde", disse John Podesta, conselheiro sênior de clima de Biden, em um comunicado.
A Lei de Redução da Inflação, a principal lei climática do presidente Biden, incluiu um crédito fiscal de US$ 3 por kg para a produção de hidrogênio, transformando os EUA em um destino atraente para o desenvolvimento. O hidrogênio verde, produzido usando eletricidade renovável, tem potencial como combustível mais limpo para indústrias intensivas em carbono, como transporte marítimo e transporte pesado.
No entanto, grupos ambientais e analistas disseram que, a menos que haja regras rígidas, a produção de hidrogênio poderia depender de combustíveis fósseis e aumentar as emissões.
A espera pelas regras de crédito fiscal, a fraca demanda e as ameaças de Trump de desmantelar a lei de Biden minaram a confiança na indústria de hidrogênio limpo no ano passado, levando a uma venda de ações e a paralisações de projetos.
Em outubro, a Plug Power confirmou ao Financial Times que pausou o desenvolvimento de seu projeto de hidrogênio verde de US$ 290 milhões em Nova York, que seria o maior da América do Norte. Marathon Petroleum, Fortescue e CNX também interromperam ou desistiram de compromissos com o programa de hubs de hidrogênio de US$ 7 bilhões de Biden.
"Esses créditos fiscais fazem muito para subsidiar a produção de hidrogênio, mas também precisa haver uma demanda por esse hidrogênio. Alguém tem que querer usá-lo", disse Aaron Bergman, membro do grupo sem fins lucrativos Resources for the Future. No ano passado, a consultoria BloombergNEF estimou que apenas 6% dos projetos de hidrogênio dos EUA haviam garantido acordos de fornecimento vinculativos.