A estilista Lucia Helena da Silva, dona da marca Ropahrara Moda Exótica, entrou na Justiça contra o YouTube e solicitou a remoção de dois clipes da cantora Anitta. Em outubro, ela processou a cantora e a marca de roupas C&A pelo suposto uso de roupas desenvolvidas por ela, sem a atribuição de devidos créditos.
As peças criadas por Silva teriam sido utilizadas nos clipes das canções "Is That for Me" e "Vai Malandra", lançados em 2017. O segundo clipe registra mais de 456 milhões de visualizações no YouTube. A ação judicial movida exige a remoção imediata dos conteúdos, em cessão de cautela de urgência, e foi negada na manhã da última quarta-feira (13).
A reportagem entrou em contato com o Google e a assessoria da cantora, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Silva pede que o Google, empresa responsável pelo YouTube, pague uma indenização estipulada em R$ 500 mil por danos morais. Ela também exige uma indenização por danos materiais, que terá o seu valor apurado caso a plataforma de vídeos seja condenada.
Segundo o Marco Civil da Internet, estipulado em 2014, o YouTube não pode ser condenado pela ação de usuários terceiros, não podendo responder pelos conteúdos gerados por eles.
Segundo a primeira ação movida por Silva, Anitta teria utilizado peças de sua autoria em quatro de seus clipes, lista que também contempla os hits "No Meu Talento", de 2014, e "Funk Rave", lançado em 2023.
A dona da Ropahrara alega que a cantora teria recebido e usado looks de sua marca entre os anos de 2015 e 2023. As peças de roupas autorais também teriam sido usadas em campanhas publicitárias da C&A e creditadas a uma parceria entre a marca e a carioca Yasmine McDougall Sterea, ex-editora de moda da Revista Vogue.
"O que precisa estar claro é que ação movida não aconteceu pelo uso das minhas roupas nos clipes, mas sim por elas não terem sido creditadas a mim. Esse não é o tipo de trabalho feito por Yasmine, e a C&A nunca desenvolveu esse tipo de roupas", diz Silva à Folha.
Ela explica que a Ropahrara passou a atuar, em São Paulo, a partir de 1997. A marca teria trabalhado com artistas como Sergio Mallandro e participado de grandes produções como as novelas "A Regra do Jogo" e "Vai na Fé", a série "Pé na Cova" e o filme "Bruna Surfistinha", além de diferentes produções voltadas ao mercado de filmes adultos.
Conforme consta no processo movido no mês passado, Silva acredita que a situação com Anitta "reforça a perpetuação da invisibilidade racial e subalternidade que pessoas negras enfrentam no âmbito da moda e na sociedade em geral".