Os carros são máquinas complexas e feitas de muitos componentes. O motor é um deles e possui uma importância grande: projetos bons podem ficar queimados no mercado por um propulsor mal dimensionado.
A simples troca do motor pode dar uma vida nova ao carro, não apenas ajudando no desempenho como também reduzindo o consumo e melhorando a confiabilidade. Separamos aqui cinco casos onde esse “transplante de coração” trouxe grandes melhorias.
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1. Ford Ka Rocam
O Ford Ka de primeira geração dividiu a opinião do público sobre seu design, mas haviam duas unanimidades: o carrinho era divertido de guiar em estradas sinuosas e os motores Endura-E eram fracos. Essa falta de desempenho era uma pedra no sapato da marca, mas esse motor obsoleto e importado era o único disponível.
A situação do Ka melhorou em 2000, com a chegada do motor 1.0 Zetec Rocam produzido em Taubaté (SP). Esse propulsor foi desenvolvido pensando no Brasil, com a durabilidade em mente.
Ele trazia comando de válvulas no cabeçote (o Endura-E ainda usava o comando no bloco), corrente para cuidar do sincronismo e maior força: 65 cv e 8,9 kgfm. O 1.0 rendia apenas 53,5 cv e 7,8 kgfm, o Zetec Rocam tinha mais potência que o Endura-E 1.3.
A família Zetec Rocam contava também com um 1.6, que foi usado no esportivo Ka XR. Com o tempo esse motor ganhou melhorias, como a taxa de compressão maior e virou flex. Até hoje é um propulsor desejado por quem procura um carro usado simples de manter.
2. Jeep Renegade T270
A Fiat-Chrysler fez uma aposta grande ao construir a fábrica de Goiana (PE) para produzir o Jeep Renegade e popularizar a marca no Brasil. O SUV compacto foi um sucesso, principalmente por causa de seu desenho, do acabamento interno e dos equipamentos, pois sem principal motor destoava desse bom conjunto.
O 1.8 E.Torq era um bom motor quando usado em carros mais leves, como o Fiat Bravo e o Cronos, mas ele sofria para empurrar os mais de 1.400 kg do Jeep Renegade. O desempenho só ficava bom na versão turbodiesel, porém ela trazia preço consideravelmente maior.
A engenharia da marca fez algumas mudanças no 1.8 para diminuir seu maior problema nessa aplicação, que era apresentar a força apenas em rotações altas. Foram apenas paliativos até a verdadeira solução, que foi o motor 1.3 turbo flex da família Firefly.
Esse motor salvou o carro: trouxe muita força em baixas rotações, deixou o Renegade mais esperto e ainda reduziu o consumo de combustível. Os preços não mudaram muito na época. Ele também substituiu o 2.0 turbodiesel nas versões com tração integral, a justificativa da Jeep foi a baixa demanda por essa motorização.
3. Volkswagen Jetta 1.4 TSI
No início da década de 2010 havia uma verdadeira guerra palo mercado de sedãs médios, como a que vemos hoje entre os SUVs compactos. A Volkswagen era coadjuvante com o Bora e o Jetta 2.5 importados do México e ensaiava uma ofensiva mais forte.
Isso veio em 2011, com a nova geração do Jetta. O sedã estreou com duas opções de motor 2.0: a aspirada usava o antigo 8 válvulas que equipava o Golf e o Polo, com apenas 120, enquanto o turbinado era o moderno TSI de 200 cv.
Foi uma escolha mal acertada, tanto que essa geração do Jetta é mais lembrada pelo 2.0 TSI e existe uma piada na internet de chamar o modelo aspirado de Santana. A situação do carro só melhorou com a troca desse motor pelo 1.4 TSI em 2016.
O novo motor turbo era mais potente e econômico que o antigo aspirado. Além disso, ele veio com mais recursos de segurança e o confiável câmbio automático Aisin de 6 marchas — o Golf de mesma motorização ficou com a imagem manchada devido a caixa de dupla embreagem.
Apesar de ofuscado pelo desempenho do 2.0 TSI, o Jetta com motor 1.4 TSI é uma boa pedida até hoje no mercado de usados. Existe até uma versão com câmbio manual para quem é mais entusiasta.
4. Peugeot 208 Turbo
A atual geração do Peugeot 208 tinha tudo para ser um destaque no segmento: o desenho é bonito, o interior é bem acabado, trouxe um bom nível de tecnologia e traz um acerto de suspensão muito gostoso. O que jogou (muito) contra foi a insistência da montadora no antigo motor 1.6 aspirado em uma época onde os principais concorrentes já eram turbinados.
Na ocasião do lançamento a Peugeot não tinha muitas opções, importar o 1.2 turbo PureTech deixaria o carro caro. O antigo motor 1.6 pelo menos era confiável, porém a precificação jogou contra o carro.
Em 2023, já com a marca fazendo parte da Stellantis, veio a salvação com o 1.0 turbo da Fiat. O 208 latino-americano finalmente ganhou um motor a altura de seu acerto de suspensão e virou uma alternativa para os entusiastas que procuram por um hatch divertido e sensato.
5. Chevrolet Omega 3.6
O Chevrolet Omega nacional teve duas personalidades bem distintas. Com o seis cilindros 3.0 importado ele era um carro estradeiro, bom para quem gosta de viajar em altas velocidades, enquanto o 4.1 entregava mais torque e acelerações mais fortes.
Quando passou a ser importado da Austrália, a personalidade ficou mais próxima a do 4.1. O motor V6 3.8 com origem na Buick entregava a força toda em baixas rotações e “morria” em giros mais altos, deixando desapontado quem curtia o tempero mais europeu do antigo 3.0.
Em um face-lift promovido em 2005 veio a troca desse 3.8 por um V6 3.6 mais moderno, que foi um projeto em conjunto entre a Holden e a Cadillac. Esse motor era feito todo em alumínio, trazia duplo comando de válvulas nos cabeçotes, 24 válvulas, variador de fase, coletor de admissão com geometria variável e acelerador eletrônico.
A potência subiu de 200 cv para 258 cv, o torque também subiu. O desempenho não melhorou apenas na ficha técnica como também no comportamento ao volante, graças a maior elasticidade do conjunto.
Esse motor se tornou o seis cilindros padrão da General Motors, recebendo melhorias com o tempo. No caso do Omega, o 3.6 ficou mais forte na geração seguinte, chegando a 292 cv no modelo Fittipaldi.
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