A transição energética no Brasil está ganhando atenção, especialmente com o programa Mobilidade Verde e Inovação (MOVER). Esse programa visa estimular, entre outras opções, o desenvolvimento de veículos híbridos flex, com investimentos superiores a R$ 100 bilhões de 14 das principais montadoras do país. No entanto, a adoção de veículos elétricos a bateria (BEVs) ainda é modesta em comparação com outros mercados, como a China e a Europa.
O estudo "Tecnologias de propulsão e emissões de CO2e: Comparação de veículos elétricos e híbridos no Brasil" examina as tecnologias de propulsão e as emissões de dióxido de carbono equivalente (CO2e) dos veículos no Brasil, considerando as variáveis de combustível e os segmentos de mercado.

Foto de: GWM
Os veículos híbridos e elétricos no Brasil são avaliados com base nas emissões de CO2e do poço à roda, ou seja, o cálculo inclui desde a extração dos combustíveis até a sua utilização no veículo. A análise leva em consideração os tipos de combustível utilizados (gasolina, etanol e eletricidade) e o impacto do modo de condução, como o uso do modo elétrico nos híbridos plug-in (PHEVs). A seguir, os principais resultados do estudo.
Emissões de CO2e dos Veículos por Tipo de Propulsão
O quadro abaixo mostra as emissões médias de CO2e para diferentes tipos de veículos no Brasil:
Tecnologia de Propulsão |
Combustível |
Emissões Médias (g CO2e/km) |
Variação em Relação à Média Nacional (%) |
HEV |
Flex |
89,6 |
-23,4% |
HEV |
Gasolina |
108,0 |
-7,7% |
PHEV |
Gasolina/Eletricidade |
106,8 |
-8,7% |
MHEV |
Flex |
126,8 |
+8,4% |
MHEV |
Gasolina |
159,5 |
+36,3% |
MHEV |
Diesel |
207,6 |
+77,4% |
BEV |
Eletricidade |
22,1 |
-81,1% |
Média Nacional |
- |
117,0 |
0% |
Fonte: Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO, 2023)
As emissões dos veículos BEV são significativamente mais baixas que as dos híbridos, com uma média de 22,1 g CO2e/km, o que representa uma redução de 81,1% em relação à média nacional. Em contrapartida, os híbridos possuem uma dispersão considerável nas emissões. Por exemplo, os modelos HEV flex emitem 89,6 g CO2e/km, enquanto os MHEV a gasolina chegam a 159,5 g CO2e/km, com variações consideráveis.

Foto de: InsideEVs Brasil
Influência do combustível
Outro fator relevante no cálculo das emissões de CO2e é o tipo de combustível utilizado. O etanol, em comparação à gasolina, apresenta uma redução nas emissões de CO2e, especialmente em modelos híbridos flex. No entanto, como os consumidores nem sempre optam pelo etanol, o impacto positivo na redução das emissões acaba sendo limitado.
No caso dos híbridos plug-in (PHEVs), o uso do modo elétrico em condições reais tem sido bem abaixo do esperado, com uma autonomia elétrica variando de 8 km a 166 km. Isso resulta em um fator de utilização do modo elétrico entre 6% e 69%, impactando diretamente na redução das emissões.

Foto de: Fiat
Fatores que influenciam
Além da tecnologia de propulsão e do combustível, outros fatores também afetam as emissões dos veículos. A categoria do veículo (por exemplo, subcompacto, compacto ou SUV) e a massa do carro são determinantes importantes. Veículos mais pesados e de categorias maiores tendem a apresentar emissões mais altas, devido à maior necessidade de energia para movê-los.
A tabela abaixo apresenta a relação entre a massa dos veículos e as emissões médias de CO2e:
Tipo de Veículo |
Massa Média (kg) |
Emissões Médias (g CO2e/km) |
BEV |
1.500 |
22,1 |
HEV |
1.300 |
89,6 |
PHEV |
1.400 |
106,8 |
MHEV |
1.600 |
159,5 |
Fonte: Dados de vendas de veículos, JATO Dynamics (2024)

Foto de: InsideEVs Brasil
Preço e emissões: uma correlação positiva
Há também uma correlação positiva entre o preço dos veículos e suas emissões de CO2e. Modelos mais caros tendem a ter maior emissão de CO2e, especialmente quando são importados e pertencem a categorias esportivas. A linha de preço dos modelos híbridos e elétricos no Brasil varia bastante, com preços de até R$ 1.350.000 para alguns modelos, enquanto os BEVs podem ser mais acessíveis, com preços menores que a média do mercado.

Conclusão
O estudo mostra que os veículos elétricos (BEVs) apresentam o melhor desempenho em termos de emissões de CO2e, com uma redução significativa em relação à média nacional, especialmente em comparação aos híbridos. No entanto, a adoção em larga escala de BEVs no Brasil ainda enfrenta desafios devido à maior oferta de híbridos e à predominância de veículos a combustão no mercado nacional. A evolução das tecnologias de propulsão e as políticas de incentivo, como o programa MOVER, serão cruciais para determinar o futuro das emissões de CO2e no setor automobilístico brasileiro.
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