Em SP, Stray Kids reúne 66 mil pessoas e faz maior show de k-pop no Brasil

há 20 horas 3

São Paulo Ao som de uma banda completa tocando ao vivo, cerca de 20 dançarinos entraram no palco marchando e balançando bandeiras. Fogo foi cuspido do chão e fogos de artifício estouraram acima do estádio Morumbis. Com essa abertura dramática, o Stray Kids fez sua estreia em São Paulo para 65 mil pessoas, na noite deste sábado (5), fazendo deste o maior show de k-pop no Brasil.

Eles ultrapassaram até mesmo o BTS, maior boyband do mundo, que atraiu 90 mil pessoas em dois shows esgotados no país, em 2019. Pela primeira vez em solo brasileiro, o Stray Kids ainda se apresentou no estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro, na terça (1º), para 55 mil pessoas, e faz outro show no Morumbis neste domingo (6).

Na capital paulista, foram recebidos por um público que gritou tanto que mal dava para ouvir os artistas cantando as primeiras músicas. Com microfones na mão —o que indicou que eles cantariam o show todo ao vivo, que não é a regra no —k-pop, começaram com "Mountains", do álbum que guia a "Dominate", primeira turnê mundial de estádios da boyband.

Tal sucesso não é à toa. O Stray Kids já era um nome popular na cena do k-pop e cresceu ainda mais na ausência do BTS, enquanto seus integrantes cumprem o serviço militar obrigatório na Coreia do Sul. Eles foram o grupo que preencheu essa lacuna, sobretudo no ocidente.

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Foram headliners de festivais como o Lollapalooza Chicago e o BST Hyde Park, em Londres e, destaque de premiações musicais internacionais, participaram do MET Gala e gravaram uma música para a trilha sonora de "Deadpool e Wolwerine".

O grupo tem sete anos de carreira e surgiu por meio de um reality show criado por uma das principais gravadoras dessa indústria, a JYP Entertainment. Hoje, é formado por oito integrantes: Bang Chan, Lee Know, Changbin, Hyunjin, Han, Felix, Seungmin e I.N. Um nono membro, Woojin, então vocalista principal, saiu do grupo em 2019 –a empresa citou "circunstâncias pessoais". Ele foi acolhido pelo público brasileiro e protagonizou "Além do Guarda-Roupa", série nacional inspirada nos k-dramas lançada pela Max em 2023.

Desde o início, eles se destacaram por participar da criação das próprias músicas, algo incomum na indústria do pop coreano. Com isso, imprimiram um estilo que mistura pitadas de rock com hip hop, acompanhado por coreografias agitadas --nada de canções fofinhas.

São músicas que combinam com a energia de um estádio. Esse estilo foi visto logo na primeira sequência, com "Thunderous", "Jjam" e "District 9". Em "Back Door", um dos maiores sucessos, dançaram sobre plataformas que subiram do palco.

A performance foi preenchida por pirotecnias de todo o tipo. Um letreiro grande escrito "Stray Kids" pendia da estrutura. Fogos de artifício eram estourados a cada meia dúzia de canções. Um grande boneco inflável surgiu numa das apresentações e em "Chk Chk Boom", levaram um carro vermelho para o palco. Câmeras gravavam do alto e debaixo de um chão de vidro, exibidas num telão grande horizontal que ocupava todo o palco e mesclava imagens diversas com as da performance ao vivo.

Em três horas de show, cantaram e dançaram 30 músicas. Para dar conta, havia momentos em que apenas os dançarinos dançavam no palco e que os telões exibiam os chamados "VCRs", pequenos vídeos que contam histórias sem falas. Os oito se revezaram ao cantar em duplas, como na sequência de "Truman", dos rappers Felix e Han, "Burnin' Tires", no qual I.N e Changbin formaram uma moto humana, "Escape", de Bang Chan e Hyunjin, e "Cinema", de Lee Know e Seungmin.

Nesta última, os stays, como são chamados por seus fãs, formaram as cores da bandeira do Brasil com fitas coloridas colados na lanterna do celular.

Lá pela metade da apresentação, a garoa que ia e vinha durante todo o dia engrossou. Lee Know disse que não gosta de chuva e vestiu uma capa. "Acho que deu uma caída na nossa vibe, ficou mais calmo", disse o lider Bang Chan. Os termômetros ao redor do estádio paulistano marcavam 17º C.

O público, vestindo capas de chuva, pareceu não se importar e respondeu dançando e pulando, num dos momentos mais animados do show, ao som de "Lalalala". Outro ponto alto foi "God's Menu", música que viralizou por causa da voz grossa do rapper Felix, que canta sobre ser um chef estrela Michelin.

Em contraste, a apresentação terminou num tom mais emocional, com declarações de amor aos fãs e músicas mais calmas, como dita a cartilha dos shows de k-pop. Em "Miroh", que os levou ao estrelato na Coreia do Sul, molharam ainda mais a plateia com arminhas de água. Fizeram encore de "Chk Chk Boom", hit que tem participação de Ryan Reynolds e Hugh Jackman no clipe, numa versão eletrônica.

Embora os fãs com frequência cantassem "Ai Se Eu te Pego", para que eles reproduzissem, eles não repetiram o que fizeram no Rio e não cantaram a música de Michel Teló que virou febre no país asiático. Mandando beijos para a câmera, se despediram do público.

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