Em meio crise, Stellantis confirma aposentadoria de CEO em 2026

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A Stellantis confirmou nesta quinta-feira (10) que seu presidente-executivo, Carlos Tavares, se aposentará ao final de seu contrato, em 2026, e que as buscas por um sucessor estão em andamento, à medida que a empresa por trás das marcas Peugeot, Fiat e Jeep enfrenta dificuldades para reverter o desempenho fraco de suas operações na América do Norte.

Os lucros e as vendas da montadora franco-italiana vêm caindo, forçando a companhia a cortar na semana passada sua previsão de lucro para 2024 e sinalizar possíveis reduções em seus dividendos e recompras de ações no ano que vem.

Analistas têm rebaixado as ações da empresa, que já caem 42% este ano, após alguns passos em falso na América do Norte, onde as vendas de modelos populares, como as picapes Jeep e Ram, costumam gerar parte significativa de seus lucros.

A confirmação dos planos de aposentadoria de Tavares ocorre semanas após a Stellantis dizer que estava procurando seu sucessor, embora tenha dito na ocasião que havia a possibilidade de ele permanecer no cargo após o término de seu contrato.

O CEO da quarta maior montadora do mundo em vendas tem enfrentado duras críticas de concessionárias, acionistas e do sindicato United Auto Workers nos últimos meses.

Tavares disse que optou por uma ampla reformulação na gestão para lidar com essas preocupações, conforme comunicado divulgado nesta quinta.

"Durante esse período 'darwiniano' para a indústria automotiva, nosso dever e responsabilidade ética é nos adaptar e nos preparar para o futuro", disse Tavares.

A Stellantis ainda nomeou Doug Ostermann, ex-diretor de operações de sua divisão na China, como diretor financeiro, substituindo Natalie Knight, que está deixando a empresa. Antonio Filosa, CEO da Jeep, será o novo chefe de suas operações nos EUA, e as marcas Maserati e Alfa Romeo terão um novo CEO, além de novos diretores operacionais para as regiões da China e Europa.

Tom Narayan, analista da RBC Capital Markets, questionou a reestruturação da gestão, dizendo que os desafios do grupo decorrem de preços agressivos na América do Norte e altos estoques de concessionárias.

"Portanto, não está claro como essas mudanças na gestão reverterão as tendências", disse ele em nota, acrescentando que as últimas decisões, além do término do mandato de Tavares em 2026, "acrescentariam mais incerteza às perspectivas da Stellantis".

As mudanças abrangentes na gestão, dizem os analistas, serão vistas como um sinal de que o CEO não planeja se afastar antes do final de seu mandato e está buscando retomar o controle do grupo após uma série de contratempos.

Nesta sexta-feira (11), Tavares enfrentará legisladores em Roma, onde se espera que ele seja questionado sobre os planos do grupo para suas fábricas italianas, onde um total de 10 mil trabalhadores foram dispensados em meio à demanda decrescente.

A Stellantis, cujo maior acionista é a Exor, a holding da família bilionária Agnelli da Itália, foi criada em 2021 através de uma fusão entre a Fiat Chrysler e a PSA da França, proprietária da Peugeot.

Colaborou Shivansh Tiwary de Bengaluru

Com Financial Times

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