Em ata do Copom, Banco Central explica choque de juros e alerta para cenário adverso após disparada do dólar

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BC destacou que o anúncio do pacote fiscal do governo aumentou a incerteza no mercado financeiro, elevando a taxa de câmbio, os juros futuros e as expectativas de inflação

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Sede do Banco Central, em Brasília

Banco Central divulgou a ata do Copom nesta terça-feira (17)

O Banco Central (BC) anunciou na última quarta-feira (11) um novo aumento na taxa básica de juros, a Selic, que passou de 11,25% para 12,25% ao ano. Essa foi a terceira alta consecutiva, motivada pelo impacto do pacote fiscal do governo e pela disparada do dólar, que ultrapassou R$ 6 nas últimas semanas. A decisão foi unânime no Copom (Comitê de Política Monetária), que sinaliza novos aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões, em janeiro e março de 2025. Se confirmado, o ciclo de alta pode levar a Selic a 14,25% ao ano, nível registrado durante a crise de 2015 e 2016.

Na ata da reunião divulgada nesta terça-feira (17), o Copom destacou que o anúncio do pacote fiscal do governo aumentou a incerteza no mercado financeiro. Segundo o Banco Central, a percepção negativa dos agentes econômicos elevou a taxa de câmbio, os juros futuros e as expectativas de inflação, tornando o cenário econômico mais adverso.

O pacote, além de cortes de gastos esperados pelo mercado, incluiu a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5.000. Analistas consideram que a medida beneficia 32% dos trabalhadores com rendas mais altas, o que gerou tensão entre investidores. Diante desse contexto, o BC interveio no mercado de câmbio com a venda de dólares e leilões de linha, mas não conseguiu conter a alta da moeda, que fechou a última segunda-feira (16) em R$ 6,09, novo recorde.

O Copom ressaltou que a piora da inflação de curto e médio prazo, agravada pela alta do dólar e por um mercado de trabalho aquecido, exige medidas mais rígidas. As expectativas de inflação subiram para 4,9% em 2024 (acima do teto da meta) e 4,5% em 2025. Para o segundo trimestre de 2026, a projeção de inflação foi revisada de 3,6% para 4%. Segundo o BC, a desancoragem das expectativas de inflação e a pressão sobre os preços tornam o cenário desafiador. “Os vetores inflacionários se intensificaram desde a reunião anterior, tornando a convergência da inflação à meta mais difícil”, afirmou a ata.

O Banco Central alertou para a necessidade de harmonia entre as políticas fiscal e monetária. O Copom reforçou que medidas fiscais que não conseguem atenuar o aumento do gasto público, como o pacote anunciado, exigem juros mais altos para conter a demanda e controlar a inflação. “As políticas devem ser previsíveis, críveis e anticíclicas”, destacou o documento. Além disso, o BC apontou que o aumento de crédito direcionado e a falta de disciplina fiscal podem elevar a taxa de juros neutra da economia, prejudicando o processo de controle da inflação.

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O cenário internacional também foi mencionado como um fator de risco, principalmente devido às incertezas na economia dos Estados Unidos, que influenciam o ritmo de desaceleração global. O BC alertou para os impactos potenciais de políticas protecionistas defendidas por Donald Trump, caso ele reassuma o governo norte-americano em 2025. No Brasil, o crescimento do PIB acima do esperado no terceiro trimestre indica uma economia ainda resiliente. No entanto, o BC prevê uma desaceleração futura devido ao aperto das condições financeiras.

Publicado por Felipe Dantas

*Reportagem produzida com auxílio de IA

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