Dólar abre em leve queda nesta quarta com investidores à espera de decisão sobre juros no Brasil e EUA

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O dólar abriu em leve queda nesta quarta-feira (18), dia de decisão de juros do Brasil e dos Estados Unidos, com os investidores à espera dos anúncios.

Às 9h05, a moeda desvalorizava 0,15%, cotado a R$ 5,4781. Na terça-feira (17), fechou em queda de 0,41%, a R$ 5,486, e a Bolsa perdeu 0,12%, aos 134.960 pontos.

O BC (Banco Central) e o Fed (Federal Reserve, a autoridade americana) irão bater o martelo sobre suas taxas de juros nesta tarde, dia apelidado de "super quarta" pelos investidores. A autarquia dos Estados Unidos publicará a decisão às 15h (horário de Brasília), enquanto o resultado do Copom (Comitê de Política Monetária) sairá às 18h, após o fechamento dos mercados.

A expectativa é oposta nos dois países —e grande nos investidores. Por aqui, economistas esperam que o comitê eleve a Selic para 10,75%, um aumento de 0,25 ponto percentual. Já nos EUA, a projeção é de corte na taxa, ainda que não haja consenso entre os operadores sobre o tamanho.

O mercado está dividido: enquanto 65% das apostas apontam para um corte mais agressivo, de 0,50 ponto percentual, as 35% restantes indicam um menor, de 0,25 ponto, segundo a ferramenta FedWatch. Na semana passada, as proporções eram de 30% e 70%, respectivamente.

Os juros estão na faixa de 5,25% e 5,50% desde julho do ano passado —o patamar mais restritivo em duas décadas. Qualquer corte nesta reunião será o primeiro do banco central em mais de quatro anos.

Desde que o presidente da autarquia, Jerome Powell, afirmou que a hora de reduzir os juros havia chegado, a dúvida sobre o ritmo dos cortes ditou o comportamento dos mercados, com sessões de alta volatilidade a cada nova bateria de dados macroeconômicos.

Para o chefe da área de ações da AZ Quest, Welliam Wang, há argumentos para ambas as magnitudes de redução e, embora a expectativa maior recaia sobre o patamar dos juros, o mercado também estará atento à comunicação do comitê e à tradicional entrevista coletiva de Powell logo após a reunião.

"Mas só o fato de ele começar um ciclo de afrouxamento monetário já tende a ser positivo para os ativos", afirma.

O dólar costuma se depreciar à medida que os juros nos Estados Unidos caem, conforme o rendimento dos ativos ligados à renda fixa americana se depreciam. Isso leva operadores a investimentos de maior risco, como moedas emergentes e mercados acionários, pela possibilidade de rentabilidade maior.

Para o real, outro fator entra na conta: o possível novo ciclo de aperto na Selic.

Na reunião de julho, o Copom manteve a taxa básica de juros no atual patamar de 10,50% ao ano pela segunda vez consecutiva. Desde então, os dirigentes têm reiterado que novas altas estão à mesa para levar a inflação de volta ao centro da meta, caso os dados macroeconômicos indiquem necessidade.

O comitê trabalha com a meta de inflação em 3%, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda) e com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a alta de preços.

O mercado dá como certo que a Selic terá uma nova alta de 0,25 ponto nesta reunião. Dados indicam que a economia brasileira está aquecida e resiliente, o que tende a se traduzir em pressões inflacionárias nos meses seguintes.

Essa é a primeira reunião do comitê depois da indicação de Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, à presidência do BC. Se aprovado em sabatina no Senado Federal, ele substituirá Roberto Campos Neto, cujo mandato acaba em dezembro deste ano.

Folha Mercado

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Galípolo ingressou no BC em 2023, depois de ter trabalhado como secretário-executivo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, como o presidente Lula (PT), tem pressionado o Copom por juros mais baixos.

A mudança de postura de Galípolo, de "dovish" (mais suave com a inflação) para "hawkish" (combativa à inflação), fez com que as perspectivas para a política monetária do Brasil mudassem e encorajou as apostas de alta na Selic.

Quanto maiores os juros no Brasil e menores nos Estados Unidos, melhor para o real, que se torna mais atraente para investimentos de "carry trade" —isto é, quando investidores tomam empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países de taxas altas, para rentabilizar sobre o diferencial de juros.

Essa perspectiva de rentabilização "tem ajudado na atração de capitais estrangeiros para o real e pode ajudar a manter a taxa de câmbio brasileira em trajetória de queda", afirma Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Com Reuters e Bloomberg

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