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Discussões, notícias e reflexões pensadas para mulheres
É comum em filmes, séries e livros a história daquele casal heterossexual em que uma menina boazinha se apaixonada pelo galã durão, que não corresponde aos seus sentimentos e até a trata mal. De cabeça, penso em Rory e Jesse, um dos casais marcantes da série "Gilmore Girls", hit dos anos 2000.
São mensagens que "vinculam a sedução à violência e ao desprezo", associação conhecida como discurso dominante e coercitivo, segundo esse estudo. Os pesquisadores entrevistaram 59 meninos e 71 meninas, todos de 15 a 16 anos, de três escolas diferentes para ver como essa lógica se manifesta num grupo de jovens.
A pesquisa indicou que tanto os colegas quanto os exemplos na mídia exercem pressão sobre as meninas para valorizar meninos com atitudes agressivas. Muitas acabam gostando, ou achando que gostam, desse tratamento.
As que têm um relacionamento com um dos bonzinhos são tachadas de chatas —e sofrem pressão para trair e desmanchar o namoro para ir atrás dos bad boys.
Os meninos ficam sujeitos à pressão de "masculinidade violenta e desdenhosa", vista como forma de obter sucesso amoroso.
Um achado interessante da pesquisa é que o medo de perder os amigos, relatado pelas meninas, vem acompanhado da percepção de que existem pessoas que não querem o seu bem, chamadas por elas de "amigos falsos".
Faz pensar, também, na centralidade que as relações românticas têm em nossas vidas. Vera Iaconelli escreve que "a supervalorização da busca pelo 'grande amor', a relação que o romantismo nos enfiou goela abaixo, põe em risco o reconhecimento das nuances afetivas que somos capazes de viver fora do modelo casalzinho". A colunista da Folha, aliás, acaba de lançar um novo livro.
Essa necessidade de ter um par pode até distorcer realidades. A repórter Vitória Macedo conta como a solteirice cria estereótipos, geralmente cruéis com as mulheres, como o da "tia dos gatos". "Sem filhos, solteira, morando sozinha e dona de um gato —para alguns, essas características em uma mulher representam fracasso", escreve. Mas, para outras, é a descrição do paraíso.
Li por aqui
Você usa o mesmo tamanho de calça em todas as lojas? Se sim, pode se considerar com sorte. Muitas mulheres relatam que a falta de padronização dos tamanhos de roupa causa frustração e dificuldades na hora de fazer uma compra, como mostra a repórter Andreza de Oliveira.
Até existe um conjunto de normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para a medição das roupas, a CB 17, mas, segundo Maria Adelina Pereira, superintendente do comitê de têxteis da organização, é impossível fiscalizar tudo.
Ainda falando sobre frustração, algumas mães têm repensado o método da educação positiva. Essa é uma forma de educar que considera a criança uma pessoa própria e tenta respeitar as fases do desenvolvimento. Punição e agressividade não têm espaço.
Mas, como mostra a jornalista Renata Moura, dar tanto "espaço de fala" para os pequenos dificultou a vida de alguns pais, que começaram a rever se a educação positiva precisava estar em tantas esferas da vida.
Esse texto publicado originalmente no New York Times até dá a dica: as crianças não devem estar no centro das atenções de seus pais o tempo todo.
Também quero recomendar
Sally Rooney, a escritora sensação entre os millennials, acaba de lançar um novo livro. "Intermezzo" desdobra os amores e as dores de dois irmãos, Peter e Ivan Koubek, que acabaram de perder o pai. O forte de Rooney não é o enredo, mas a destreza em narrar a complexidade das relações humanas. Dei quatro estrelinhas.
Fica também a recomendação do novo episódio do podcast Modo de Viver, em que falo sobre as dificuldades de manter a rotina de exercício físico com o professor da USP Bruno Gualano e com a nutricionista Marcela Kotait.