O influenciador Pablo Marçal (PRTB) cresceu sete pontos em duas semanas e está empatado na liderança da disputa pela Prefeitura de São Paulo, segundo o Datafolha. Ele marcou 21%, no mesmo patamar do deputado Guilherme Boulos (PSOL), que oscilou de 22% para 23%, e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que foi de 23% para 19%.
Marçal ultrapassou numericamente o prefeito e deixou para trás o apresentador José Luiz Datena (PSDB), que também havia registrado 14% e agora está com 10%.
Depois deles vêm a deputada Tabata Amaral (PSB), que oscilou de 7% para 8%, e a empresária Marina Helena (Novo), que ficou em 4%. Disseram votar em branco e nulo 8% (eram 11%), e não souberam responder 4% (3% na anterior).
A margem de erro da pesquisa, realizada na terça (20) e na quarta (21), é de três pontos percentuais. Contratado pela Folha e pela Rede Globo, o levantamento ouviu 1.204 eleitores na capital, e está registrado na Justiça Eleitoral sob o número SP-08344/2024.
O crescimento do autodenominado ex-coach o confirma como fenômeno desta eleição na principal cidade brasileira até aqui, baseado em uma forte presença e engajamento em redes sociais aliada a uma imagem antiestablishment.
Sem histórico político e acumulando polêmicas devido a seu passado nebuloso, que inclui condenação criminal, agressividade exacerbada contra adversários, ausência de propostas exequíveis, associações suspeitas de seus aliados com o crime organizado e desprezo pelas regras do jogo e pela Justiça Eleitoral, ele nem estava no páreo até maio.
Na pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor cita seu nome preferido sem ver a lista de candidatos, ele pulou de 1% no fim de maio para 13% agora. Boulos segue à frente com 17% (eram 13% em maio) e Nunes oscilou de 9% para 7%.
A presença de Marçal lança desafios diversos aos seus adversários. Nunes é o mais afetado, pois o dito ex-coach avança de forma incisiva sobre votos do bolsonarismo, sendo o líder nesse grupo —44% dos que votaram em Jair Bolsonaro (PL) para presidente em 2022 o apoiam, ante 29% que diziam isso há duas semanas.
Bolsonaro até tentou intervir de forma morna no processo, dado o entusiasmo de seu entorno com o novato, dizendo que pode até não se animar com Nunes, mas o emedebista é seu candidato. Com efeito, o prefeito oscilou de 38% para 30% entre os eleitores do ex-presidente, mesmo tendo subido o tom contra Marçal.
Para Boulos, o ajuste é mais de discurso, caso o influenciador se firme como opção de direita ante Nunes, seu rival principal até aqui.
Marçal o chama de vagabundo e o acusa de invadir casas, remetendo a suas duas décadas como líder sem-teto, e critica o fato de o psolista ser o nome de Lula (PT) no pleito paulistano —44% dos eleitores do petista vão com ele.
Rebater os pontos sem cair nas provocações exige malabarismo e deixá-lo falando sozinho surtiu efeito em termos de desengajamento dos apoiadores de Marçal na internet, mas isso não se replica automaticamente na urna.
Entre grupos mais importante, Marçal lidera no eleitorado masculino (48% da amostra, 4 pontos de margem), com 28%, ante 22% de Boulos e 18%, de Nunes. Entre os 43% com escolaridade média (4 pontos de margem), ele tem 26%, ante 19% do prefeito e do deputado.
Já os mais pobres, os 36% que ganham até 2 salários mínimos (margem de 5 pontos), apontam um empate quádruplo: os três primeiros colocados no geral têm 18%, e Datena vem com 15%. No usualmente bolsonarista grupo dos evangélicos, Marçal lidera numericamente com 30% ante 22% de Nunes, mas a margem do segmento equivalente a 23% dos entrevistados é maior, de 6 pontos.
A pesquisa traz um dado preocupante para Nunes, que é a oscilação negativa de sua avaliação. Na rodada anterior, ele já havia ido de 31% para 26% de aprovação. Agora, marca 25%, e viu sua reprovação oscilar para cima, de 22% para 25%, empatando como ótimo/bom. Avaliam de forma regular a gestão 48% (eram 47%).
O novo levantamento também dá uma ducha de água fria nas pretensões de Datena, que luta para convencer seus novos colegas de partido de que não irá desistir da disputa, como fez em outras quatro ocasiões. As declarações ambíguas e o mau desempenho em debates e sabatinas adicionaram dúvidas.
Outra que não tem o que celebrar é Tabata, que mostrou um bom desempenho em debates e ficou sozinha com Marina para enfrentar Marçal quando Nunes, Boulos e Datena desistiram de participar de um encontro.
Abaixo dela e de Marina vêm os candidatos João Pimenta (PCO) e Beto Haddad (DC), com 1%. Os demais postulantes não pontuaram.
O Datafolha também quis saber como está o ânimo dos eleitores em relação ao pleito. Disseram estar muito motivados para votar 38%, ante 30% que afirmaram o contrário.