Copom vê projeções de inflação de médio prazo mais desafiadoras, mostra ata

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O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central avalia que o aumento das projeções de inflação de médio prazo tornou o cenário mais desafiador, conforme ata divulgada nesta terça-feira (24).

O colegiado do BC considera também que o forte ritmo de crescimento da atividade econômica torna mais difícil o processo de convergência da inflação à meta e afirma que as expectativas mais distantes da meta são "um fator de desconforto comum a todos os membros".

"Concluiu-se que a inflação corrente, medida pelo índice cheio ou por diferentes medidas de núcleo, em níveis acima da meta, em contexto de dinamismo da atividade econômica, torna a convergência da inflação à meta mais desafiadora", afirmou.

A meta de inflação perseguida pelo BC é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

De acordo com o documento, toda a cúpula do BC concordou em iniciar gradualmente o ciclo de alta de juros. Na última quarta-feira (18), o Copom elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para 10,75% ao ano, na primeira alta feita durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"O comitê julgou que o início do ciclo deveria ser gradual de forma a, por um lado, se beneficiar do acompanhamento diligente dos dados, ainda mais em contexto de incertezas, tanto nos cenários externo como doméstico, mas, por outro lado, permitir que os mecanismos de transmissão da política monetária que possibilitarão a convergência da inflação à meta já comecem a atuar", afirmou.

Na ata, evitou antecipar a intensidade dos próximos movimentos e o tamanho do ciclo de alta da Selic. "Em virtude das incertezas envolvidas, o comitê preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos, insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta", disse.

Logo após a decisão, o comitê disse que o cenário demanda um política de juros que ajude a frear a força da atividade econômica para assegurar o controle da inflação.

Como justificativa, o colegiado citou a resiliência da economia brasileira, as pressões do mercado de trabalho, a elevação das projeções de inflação, as expectativas distantes da meta perseguida e o hiato do produto positivo (indicação de que a atividade está operando acima do seu potencial, aquecida e sujeita a pressões inflacionárias).

Na ata, o Copom trouxe uma avaliação um pouco mais dura quanto à política fiscal, classificada pelo BC como expansionista. No entanto, disse ter incorporado em seus cenários uma desaceleração no ritmo de crescimento dos gastos públicos ao longo do tempo.

"Uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados, em conjunto com a persecução de estratégias fiscais que sinalizem e reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal nos próximos anos são importantes elementos para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de riscos dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária", afirmou.

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