Em protesto contra o programa de corte de gastos anunciado pela Volkswagen, aproximadamente 100 mil trabalhadores da Alemanha promoveram paralisação em diversas regiões do país. Segundo o sindicato IG Metall, a movimentação foi uma resposta à falta de entendimento existente entre a entidade e os representantes da marca. As duas partes vêm discutindo saídas para a crise há pelo menos dois meses.
De acordo com a agência de notícias Reuters, a paralisação afetou ao menos 9 fábricas da Volkswagen, mas não chegou a suspender totalmente as atividades. A ação envolveu trabalhadores nos turnos da manhã, que protestaram por cerca de duas horas, enquanto os funcionários do turno da noite acabaram encerrando o expediente mais cedo. Ainda assim, houve perda de produção e a notícia não deve ter sido bem recebida pelos executivos em Wolfsburg.
O principal alvo dos protestos é o rigoroso programa de corte de gastos anunciado pela Volkswagen para sair da crise. Para economizar dinheiro, a marca propôs aos funcionários cortes de salários, anunciou que fará demissões e já admitiu que pretende fechar até 3 fábricas na Alemanha (algo inédito nos mais de 87 de história da empresa). O conselho que representa os funcionários criticou duramente a proposta e acusa os executivos da montadora de 'não fazerem seu trabalho'.
No mês passado, o IG Metall propôs à Volkswagen abrir mão de bônus em 2025 e 2026 para os funcionários e reduzir as horas de trabalho durante períodos de excesso de capacidade, o que renderia para a montadora uma economia de 1,5 bilhão de euros (R$ 9,5 bilhões). No entanto, a proposta foi rejeitada pela diretoria sob alegação de que traria alívio apenas no curto prazo, o que acabou contribuindo para a deflagração da greve. A próxima rodada de negociações será realizada no dia 9 de dezembro.
A crise atualmente vivida pela Volkswagen tem origem principalmente na China e na Europa. No primeiro caso, a marca perdeu participação de mercado para fabricantes locais e tem amargado forte redução nos lucros nos últimos anos. A liderança histórica que mantinha no país foi perdida para BYD em 2023.
Já no segundo, o problema está na contração vivida pelo mercado europeu. Desde a pandemia, a Volkswagen está vendendo cerca de 50.000 carros a menos por ano na região, afetando diretamente as previsões de lucro e gerando ociosidade nas fábricas. Some a isso a demanda abaixo do esperado pelos veículos elétricos da linha ID, o que acontece também nos Estados Unidos.
No último mês de setembro, o diretor financeiro do grupo VW, Arno Antlitz, alertou que a empresa tem apenas “um ou talvez dois anos para recuperar".