Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal, destaca que o setor de combustíveis é especialmente vulnerável ao uso de dinheiro vivo, o que atrai práticas criminosas.
"Promoção com pagamento em dinheiro, principalmente no fim de semana, quando a fiscalização é menor, é cilada. É uma forma de não ter como comprovar onde você comprou o combustível problemático. Esse setor é um dos poucos em que ainda se paga mercadoria em dinheiro vivo, isso atraiu o crime organizado, que usa para lavagem de dinheiro e aplicação de outros crimes, como a fraude de combustível", explica Kapaz.
O impacto financeiro das fraudes é alarmante. Segundo Kapaz, o mercado de combustíveis sofre perdas anuais de R$ 29 bilhões, sendo R$ 14 bilhões decorrentes de sonegação fiscal e R$ 15 bilhões relacionados a fraudes operacionais. Esses golpes variam entre a adulteração do produto e a manipulação da quantidade entregue pelas bombas.
"A bomba registra uma quantidade de produto, mas na prática o consumidor leva menos. É muito comum que postos fraudulentos apliquem até mesmo os dois golpes ao mesmo tempo", afirma.
Para evitar ser vítima dessas fraudes, Kapaz recomenda sempre pedir a nota fiscal, mesmo que o pagamento seja feito em cartão, pois isso facilita a comprovação da compra em casos de adulteração. Outras precauções incluem descer do carro durante o abastecimento para inibir práticas como adulteração de bombas por controle remoto e monitorar o consumo do veículo, já que uma queda repentina pode indicar combustível adulterado ou insuficiente.
Combate às fraudes
Entidades como o Instituto Combustível Legal têm investido em ações para proteger os consumidores. Uma das iniciativas é o uso de 'clientes misteriosos', que compram combustíveis em postos suspeitos e submetem amostras à análise laboratorial. Em 2023, essas ações resultaram em 1.300 denúncias de irregularidades. Além disso, o órgão orienta os consumidores a denunciarem práticas suspeitas.