Apesar de a China ser uma potência mundial hoje, seu passado na indústria automotiva é relativamente recente. Até o começo dos anos 80, a indústria automobilística da China praticamente se restringia a caminhões e ônibus. Havia poucos carros desenhados e produzidos no país, como o Shanghai SH760, para serem usados principalmente pelo estado.
Foi então que o líder Deng Xiaoping, que comandou o país entre a década de 1980 até 1992, abriu a economia e tratou de atrair empresas estrangeiras para formar joint ventures. Nesse tempo, algumas marcas fizeram história com parcerias com estatais, como a Volkswagen com o Santana, cuja história você pode ler aqui.
Mas enquanto a economia chinesa ainda caminhava para ter sua independência, o governo chinês enviou um convite para desenvolver um veículo de baixo custo, que foi enviado a cerca de 20 fabricantes de automóveis estrangeiros. A ideia era ter um modelo popular, fácil de manter e capaz de levar uma família comum, exatamente como um Fusca.
E foi assim que nasceu o curioso conceito Porsche C88 ("C" significa China e "88" simboliza boa sorte e fortuna na cultura chinesa), que estreou em novembro de 1994, em Pequim, em uma parceria de desenvolvimento com a Porsche Engineering Services.

Conceito Porsche C88 1994
Na época, foram apresentadas três propostas: O primeiro era um hatchback compacto de três portas bem franciscano. Depois, foi proposto ao governo chinês um segundo veículo que poderia ter vários estilos de carroceria: sedã, perua e até mesmo uma picape. O C88 que você vê aqui foi a terceira sugestão é o único que chegou a ter um protótipo real.
Das três propostas, a C88 era a maior. Media 4,03 metros de comprimento, 1,62 metros de largura e 1,42 metros de altura, dimensões próximas de um Ford Fiesta Sedan ou Fiat Siena dos anos 1990, enquanto o trem de força contava com um pequeno motor de 1.1 litro, de quatro cilindros com 68 cavalos e tração dianteira. Nos testes de velocidade, levava cerca de 16 segundos para ir da imobilidade aos 100 km/h, alcançando máxima de 160 km/h.

Embora tenha sido desenvolvido principalmente para a China, a empresa queria manter as portas abertas para uma possível exportação para a Europa. Assim, o protótipo foi feito para passar em todas as normas de emissões e segurança em vigor no Velho Continente na época.
A Porsche Engineering Services desenvolveu o sedã em apenas quatro meses. No final das contas, a produção em série nunca ocorreu porque o governo chinês interrompeu todo o projeto. Os esforços de outras montadoras, como Mercedes, Ford e Chrysler, também foram em vão.

Se o C88 tivesse entrado em produção em série, ele teria sido equipado com uma transmissão automática de quatro velocidades mais moderna e um motor diesel de 1,6 litro mais potente. Por segurança, haveria dois airbags e freio ABS, enquanto as rodas seriam de aço de 15''.
Durante a curta fase de desenvolvimento, os engenheiros aparentemente tinham o Fusca original em mente. Eles também queriam construir um carro simples, mas confiável, que levasse as pessoas do ponto A ao ponto B. Dez anos depois, a Dacia/Renault transformaria essa ideia em realidade com o primeiro Logan .
Semelhante ao exterior nada empolgante, o interior do C88 não era dos mais charmosos. Era bastante franciscano e continha apenas o básico. Para dar pelo menos um pouco de vida ao carro (sem perder o orçamento), a Porsche projetou um painel arredondado com um visual mais curvilíneo para o console central e o túnel, aos mesmos moldes do que a Ford fazia nos anos 1990.
O projeto inicialmente previa a fabricação de 300 mil unidades, mas, como o governo chinês desistiu da ideia, a única unidade fabricada foi realmente o modelo das fotos. Hoje, assim como o Panamericana e o Cayenne Cabriolet, o pequeno popular repousa no Museu da Porsche, em Stuttgart, na Alemanha.
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