Como os lenços na cabeça voltam à moda com estilo à la Billie Eilish e Luísa Sonza

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Era comum avistar cabeças enfeitadas com lenços na hora de tentar enxergar os artistas miúdos nos palcos do último Rock in Rio. O adereço está de volta à moda numa onda puxada por artistas jovens como a americana Billie Eilish e a brasileira Luísa Sonza.

Mas não é de hoje que os lenços cobrem cocorutos. O objeto foi popularizado ainda no século 20, tendo sido usado pela rainha Elizabeth 2ª, por exemplo, e aos poucos foi incorporado à moda de rua —ou streetwear, como chamam nas passarelas.

É culpa da "retromania", diz Maíra Zimmermann, historiadora e coordenadora do curso de moda da FAAP, movimento que resgata elementos do passado num contexto contemporâneo. O mesmo vem acontecendo com câmeras analógicas ou discos de vinil, por exemplo.

"A geração Z, preocupada com sofisticação, usa lenço com elementos mais despojados, como o boné", afirma a historiadora.

Para Zimmermann, a cantora Luísa Sonza é uma figura importante para entender o resgate do acessório no Brasil. A artista lançou, em setembro deste ano, uma coleção de 112 peças, incluindo lenços, na loja Shein.

No Rock in Rio Lisboa, em junho, Sonza usou o adereço como fazia a atriz americana Grace Kelly (1929-1982), cobrindo o pescoço e dando um nó atrás da cabeça.

Billie Eilish, adepta dos lenços, também parece estar de olho em referências do passado. Seu estilo de amarração preferido é o do nó que vai sob o queixo, um visual que lembra o da atriz Audrey Hepburn no filme "Charada", de 1963.

No Grammy deste ano, a artista cobriu a cabeça numa referência à Barbie Poodle Parade, modelo de 1965, enquanto entoava a música "What Was I Made For?", que fez para a trilha sonora do filme da boneca.

A moda pegou também entre os homens. No Rock in Rio brasileiro, em setembro, o ator João Guilherme envolveu a cabeça com um lenço de seda da grife francesa Goyard –ele é tido como referência de moda por meninos. O ex-BBB Fred Nicácio também aderiu à peça durante o evento, estilizando-a com um macacão de peitoral à mostra e um lenço azul claro.

Foi durante o festival, aliás, que o interesse por lenços atingiu o pico de pesquisas, segundo dados do Google Trends, plataforma que exibe os termos mais populares no buscador.

A fissura se estende às redes sociais. De acordo com a Tubular Labs, que mede o desempenho de vídeos nas redes, no TikTok, a hashtag #lenço tem 3,6 milhões de visualizações. No Pinterest, site de inspirações e tendências, as buscas por "look com lenço na cabeça" aumentaram 500% entre setembro e outubro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023.

Lenço na cabeça tem história. No século 20, quando feito de pano, o acessório era usado por mulheres para proteger o cabelo da poeira e do maquinário das fábricas. Aí, nos anos 1930, a grife francesa Hermès lança lenços de seda, dando elegância à peça.

Foi um lenço da Hermès, aliás, que apareceu no funeral da rainha Elizabeth 2ª, posto em cima da sela de seu pônei. Era um modelo lançado em 1993, dedicado aos estábulos do Palácio de Buckingham.

Maria Claudia Bonadio, professora de moda na Universidade Federal de Juiz de Fora, conta que o lenço funcionava como um disfarce para a monarca. Com a cabeça coberta, a rainha tentava escapar, ainda que de forma sutil, dos deveres da sua personalidade pública.

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