Enquanto ninguém sabia direito porque ele havia sido demitido, circulavam no LinkedIn rankings dos profissionais de marketing mais admirados do País feitos por uma consultoria renomada, a Scopen. Lá estava Eduardo Tracanella, em segundo lugar na lista.
Mais embasbacados ainda estavam os organizadores de um evento do Cenp, o Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário. Tracanella seria a atração principal do almoço de fim de ano da entidade, que reuniu a nata dos publicitários brasileiros no Hotel Tivoli em São Paulo nesta terça-feira. Mas a ironia mesmo era o tema de sua exposição: "Guia de Boas Práticas sobre Relações Sustentáveis". Tracanella não apareceu.
No fim das contas, as relações eram insustentáveis e as práticas não tão boas. No comunicado aos funcionários, o Itaú diz: "realizamos o desligamento do Eduardo Tracanella?. A decisão foi tomada exclusivamente pelo mau uso do cartão de crédito corporativo? Todos sabemos que ética é inegociável no Itaú Unibanco?"
A decisão de enviar uma carta oficial a todos os funcionários veio depois que uma onda de especulações e boatarias, que invadiu os mercados publicitários e financeiros. Falou-se de tudo. Desde que Tracanella teria se apropriado indevidamente de rebates da publicidade veiculado na Times Brasil, que tem licença para transmitir conteúdo da CNBC, até esquemas com as agências de publicidade que o atendiam.
Na tentativa de dissipar os boatos (já que isso afeta diretamente o compliance do banco), o Itaú informou no comunicado aos funcionários que a trajetória de Tracanella como diretor de marketing foi brilhante e garantiu que nada respingou na relação com as agências externas.
"É fundamental clarificar que o desvio de comportamento não representou dano material ao banco e que nossos robustos processos de gestão de mídia, publicidade e parceria com agências externas permanecem íntegros e ilesos."
Ninguém sabe no que Tracanella gastou. Na verdade, apenas 4 pessoas do banco sabem.
Com a nota que blinda as agências, Africa e Galeria (duas das maiores do país) seguem sendo as contratadas do Itaú. A Africa é famosa por ter sido fundada por Nizan Guanaes, hoje é comandada por Sergio Gordilho e Márcio Santoro (que estava hoje no Cenp). Já a Galeria foi criada há apenas 3 anos, em uma dissidência da DPZ. Na oportunidade, os sócios da Galeria levaram o Itaú junto como cliente. Eduardo Simon, um dos fundadores, também estava no evento do Cenp.
Agora é esperar o disse me disse no Oscar da publicidade brasileira, o prêmio Caboré que acontece nesta quarta-feira. Era para eu estrear como colunista aqui no UOL somente depois do Caboré. As notícias se impuseram.
Então aguardem, logo vocês me verão sempre por aqui, falando de marketing, propaganda, de fofocas, quero dizer, de notícias, mídia e todo o resto que envolve a comunicação. Vocês vão amar a coluna porque além de jornalista também sou empreendedora (eu que fundei a TixaNews, BRASEW) e estou todo dia sendo desafiada na forma de se construir uma marca.
Opinião
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