O secretário conta que são emitidos cerca de 80 mil certificados internacionais para a China por ano, tudo em papel. Na prática, correm-se riscos comoextravio de documentação, cargas que chegam ao destino sem a papelada e taxas aplicadas por conta da falta dos documentos impressos.
"A certificação eletrônica é um tema que está no centro dos avanços tecnológicos que queremos no Brics. Essa é uma facilitação do comércio que estamos fomentando entre países do bloco", afirma.
Ele cita que o Brasil trabalha em algumas plataformas digitais e países como Rússia, Índia e China têm avanços significativos nesta temática. A ideia, portanto, é unir esforços para avanços concretos em intercâmbio internacional. No entanto, esclarece o secretário, a certificação eletrônica será para negócios bilaterais e não entre todos os integrantes do Brics.
Na declaração ministerial ratificada, também constam cooperações para recuperação de áreas degradadas e a aliança global contra fome e pobreza.
Em relação à guerra tarifária, Luis Rua diz que isso "não entrou abertamente nas discussões e não há qualquer posição do grupo todo ou do Brasil contra qualquer país".
O secretário do Mapa fala em "geopolítica da paz", postura que o governo do presidente Lula quer imprimir, em tom de cooperação e "um caminho que visa entendimentos e não afastamentos".
"O que deixamos claro, sob a liderança do ministro Carlos Fávaro, é que o Brasil é um parceiro estável e confiável. Somos uma das poucas geografias do mundo que pode ajudar com segurança alimentar, climática e energética, pois temos qualidade, sanidade, escala e competitividade."
Questionado se a China utilizou a reunião para falar de mais embarques de produtos agropecuários, ele indicou que não tinha esta informação. Ainda assim, deixou claro que o Brasil está no páreo.
"Nós reforçamos, nas oportunidades que tivemos, que qualquer apoio adicional que os países precisarem, o Brasil está pronto para ajudar", encerrou o secretário, antes de seguir para a próxima agenda do dia.
COLUNA DA MARIANA GRILLI
Tarifaço e Brics levam ministérios de Brasil e China a se encontrarem Leia mais

StoneX estima redução na safra de trigo
A consultoria StoneX reduziu a expectativa para produção brasileira de trigo 2025/26 para 8,6 milhões de toneladas, queda mensal de 4,2%. Em relação ao balanço de oferta e demanda, estima-se redução de quase 25% nos estoques iniciais domésticos, em comparação com a projeção do mês anterior. A queda nos estoques iniciais junto ao recuo da safra nova, resultou em estoques finais também menores em cerca de 20%. Ainda assim, os estoques finais projetados para a safra 2025/26 permanecem 21,1% acima da safra anterior. No que se refere às importações, a atualização mensal indica um aumento de 3,8%.

Na Argentina, a possível volta das 'retenciones' ao agro
Nesta semana, o presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou que a redução temporária das chamadas retenciones ? impostos sobre exportações de produtos agropecuários ? tem prazo final. Em entrevista à imprensa local, Milei afirmou que as retenciones voltam em junho, o que deixou o setor produtivo argentino descontente. O país vizinho é estratégico para produções como soja, milho e trigo. A safra de trigo, assim como no Brasil, está prestes a começar e agricultores já mostram receio de como será a condução da nova temporada.
Novas concessões florestais
O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) repassou R$ 27 milhões advindos de pagamentos originados por concessões federais em Florestas Nacionais (Flona) aos estados de Pará e Rondônia. "A colheita florestal acontece de forma controlada e monitorada, desdobrando-se em recursos, empregos, renda, oportunidades sociais e formalização da economia?, diz Renato Rosenberg, diretor do Serviço Florestal Brasileiro. A repartição, destinação e modo de acesso ao recurso são regulamentados pela Lei de Gestão de Florestas Públicas (11.284/2006) e a Portaria MAPA 506/2022.
Menos abates e mais exportações elevam preço da carne bovina
A maior demanda pela carne bovina brasileira e a oferta limitada de animais para abate tem provocado uma diminuição de carne disponível no mercado interno. Logo, os preços estão em alta em âmbito nacional e internacional. Em março, as embarcações bateram recorde e, em abril, a média é de 11 mil toneladas exportadas por dia. De acordo com o Cepea/USP, até a segunda semana de abril, o Brasil exportou 15,6% a mais de carnes do que o mesmo período de 2024. Como consequência deste cenário, há o maior consumo de outras proteínas, como carne suína e de frango.
SUSTENTABILIDADE
Lei de Bioinsumos: Associação espera que decreto seja publicado antes de dezembro
A Lei de Bioinsumos (15.070/2024) foi sancionada pelo presidente Lula ao final de 2024, regulamentando a produção, o uso e a comercialização de bioinsumos no Brasil. Isso significa que os insumos biológicos, derivados de microrganismos, passam a ter uma legislação própria, que indústria e produtores rurais precisarão obedecer.
Diferente de produtos químicos, os bioinsumos poderão ser comprados prontos ou multiplicados nas propriedades, em biofábricas. Reginaldo Minaré, presidente da Associação Brasileira de Bioinsumos, explica que o poder Executivo tem até dezembro de 2025 para publicar o decreto da lei, mas a expectativa do setor é de que isto ocorra antes, visando a COP30.
UOL - Para começar, o que são bioinsumos?
Reginaldo Minaré - Os bioinsumos partem de fungos, bactérias, vespas, joaninhas, extratos de plantas, compostos orgânicos. Eles servem para nutrição das plantas, controle de pragas e doenças e a qualidade do solo. São produtos antigos, naturais, coletados na natureza e que ganhou uma lei específica para regulamentar o mercado e o uso destes produtos.
UOL - Por que precisou se articular uma legislação nova?
Minaré - Todos estes bioinsumos eram regulados por um mosaico de legislação. Na lei dos agrotóxicos, na lei de fertilizantes e de produtos veterinários. Mas são produtos diferentes, não dá para usar os mesmos registros. Foi o pessoal dos orgânicos que manteve o uso dos bioinsumos e isso foi ganhando escala. Os agricultores começaram a produzir os bioinsumos na própria propriedade e, diante disso, começou-se a ter disputas entre determinadas indústrias e o agricultor. A partir desse momento, entendeu-se necessário ter uma lei para dar segurança jurídica.
UOL - A indústria química já é bem consolidada. Como você avalia a interação delas com o segmento dos bioinsumos?
Minaré - O modelo de negócios dos químicos não serve para o modelo de negócios dos biológicos. Não vai ser possível manter o mercado de químicos com exclusividade com base em legislação. Isso não pode ser feito, não é de interesse público e isso é criação de nicho para privilégio. Então, essa mudança para os bioinsumos é importante e as próprias indústrias estão se atentando a isso. A lei nova de bioinsumos permite que a indústria registre o produto pronto para uso e registre também o inóculo para o produtor produzir o próprio bioinsumo. Isso não existe na indústria química.
UOL - Mas a questão sanitária é um ponto importante na discussão. Diante da lei, o produtor vai precisar prestar conta da biofábrica?
Minaré - O órgão de defesa agropecuária do Mapa vai ser o responsável pelo credenciamento das biofábricas. Toda e qualquer biofábrica precisará ser cadastrada junto ao órgão. É um auto cadastramento, em que o produtor vai dizer o que está fazendo, onde, como, e ele fica à disposição da fiscalização, principalmente a estadual. E a fiscalização estadual vai usar esse banco de dados do Ministério da Agricultura para realizar a fiscalização. Essas regras orientadoras serão estabelecidas pelo Mapa.
UOL - Quando isso será estabelecido? Porque, existe a lei, mas ainda é preciso de decreto.
Minaré - A lei estabelece que o poder executivo tem até 360 dias para publicar o decreto, então em dezembro o poder executivo teria que ter esse decreto publicado. Estamos ansiosos para acontecer antes, por conta da COP. Seria importante para mostrar ao mundo que o Brasil não só tem a lei, mas o decreto regulamentado. A partir disso, o agricultor terá até um ano para se adequar às regras de boas práticas.