Cliente pode escolher entre taxa fixa e comissão do assessor de investimentos

há 5 horas 1

Ao contratar um assessor de investimentos, o cliente deve definir se irá remunerá-lo por taxa fixa ou comissão. Segundo especialistas, a decisão deve considerar o perfil do investidor, os ativos que ele tem na carteira e a relação com o profissional.

No modelo de taxa fixa, o assessor recebe um percentual específico sobre os valores alocados na carteira, que varia de 0,4% a 1% ao ano. Já no comissionamento, a remuneração está relacionada a cada produto que o investidor tem. Ou seja, o assessor recebe um percentual quando o cliente aplica em ações, debêntures e outros ativos disponíveis em instituições financeiras.

O assessor de investimentos é um entre diferentes profissionais que podem oferecer ativos ou serviços ao investidor. Gerentes de bancos, consultores de valores mobiliários e planejadores financeiros são outros exemplos.

Em 2024, o Brasil tinha 26,7 mil assessores de investimento credenciados pela Ancord (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias) para trabalhar e 19,9 mil vinculados a corretoras e bancos, segundo a associação.

Thiago Pereira, head de wealth management na GCB Investimentos, afirma que o pagamento por taxa fixa tem um potencial conflito de interesse menor que o por comissionamento. Neste modelo, um assessor pode indicar um produto que irá gerar uma comissão maior a ele, mesmo sem ser vantajoso para o cliente.

Num exemplo hipotético, um crédito privado, com taxa de corretagem ou comissão de 0,5% ao ano, renderia 2,5% à instituição financeira em um prazo de cinco anos —dos quais grande parte é destinada ao assessor. Isso pode fazer com que o profissional priorize ativos com vencimentos mais longos.

"É provável que isso seja solucionado se o cliente tiver uma relação de confiança com o assessor", diz Thiago.

Ele considera que o modelo de taxa fixa, pago mensalmente, tem mais previsibilidade de custos e rebate —devolução ou cashback ao cliente do valor que iria para o assessor no modelo comissionado.

Por outro lado, no modelo de comissionamento, segundo ele, quanto menor o número de transações, menor será o valor pago. "Se o cliente tiver poucas movimentações, o custo com assessoria será baixo", diz.

Produtos de renda fixa, como títulos do Tesouro Direto, também impactam a remuneração dos profissionais. A classe de ativos oferece comissões menores aos assessores.

Nesse modelo, não há cobrança adicional ao cliente, mas uma divisão do ganho entre a instituição e o assessor.

"O cliente pode pensar que está pagando a mais no modelo de taxa fixa, porque irá remunerar o profissional todo mês. Se a movimentação na carteira for baixa, pode gerar um incômodo."

Marcel Andrade, head de investment solutions da SulAmérica Investimentos, diz que a remuneração por comissionamento é a mais comum no mercado brasileiro. "A ideia é ter espaço para todos os modelos."

Andrade também reforça que a confiança na relação com o profissional é determinante para escolher o modelo de remuneração.

"O assessor pode sugerir um investimento e ganhar uma comissão maior, assim como receber uma bonificação se o volume da carteira aumentar. A grande discussão é se ele está vendendo um produto que é do interesse do cliente", afirma.

Resolução prevê extrato que detalha ganhos

A resolução 179 da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que entrou em vigor em novembro de 2024, reacendeu o debate sobre a remuneração dos assessores.

A medida tem o objetivo de deixar claro quanto está sendo pago de comissão e potenciais conflitos de interesses. Para isso, desde janeiro de 2025, os assessores precisam disponibilizar um extrato trimestral ao investidor, com portfólio e ganhos com as aplicações.

Segundo Luciane Effting, vice-presidente do Fórum de Distribuição da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a resolução faz com que o investidor possa tomar sua decisão com informações comparáveis.

"A cada aplicação financeira, esse profissional, seja gerente de banco, seja assessor de investimentos vinculado a alguma instituição financeira, vai informar o quanto está ganhando na distribuição daquele produto", afirma.

Apesar de considerar cedo para analisar o impacto da resolução, ela defende que o investidor utilize os dados compartilhados no relatório trimestral e nos canais das instituições financeiras. "É importante que o cliente tire suas dúvidas e se empodere para tomar decisões."

A resolução 179 impactou investimentos regulados pela comissão, como ações, ETFs (fundos de índices), BDRs (certificados negociados no pregão da Bolsa brasileira que representam ações do exterior), COEs (Certificados de Operações Estruturadas), fundos de investimentos, debêntures e títulos de crédito, entre outros.

Folha Mercado

Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.

Leia o artigo completo