
"Todo mundo vai sofrer" é o nome de uma música de sucesso da cantora Marília Mendonça, mas também resume o que está acontecendo no mundo dos negócios com as tarifas impostas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O republicano suspendeu as chamadas "tarifas recíprocas" por 90 dias, fixando 10% para todos os países, menos a China, cujos produtos serão taxados em 145%. Das empresas de tecnologia, todas perdem, mas quem deve enfrentar os maiores problemas são as que dependem diretamente de hardware, ou seja, equipamentos eletrônicos.
O que aconteceu
Todas as empresas de tecnologia que dependem de comercialização de eletrônicos devem perder. Isso porque boa parte das peças e produtos vêm de países asiáticos, sobretudo da China, ou são montados na região.
No entanto, alguns setores devem sair "vencedores" (ou perder menos). As tarifas de Trump, por exemplo, não incluem chips de Taiwan - o maior fornecedor de processadores do mundo. Mesmo assim, tarifas adicionais aplicadas ao Japão, Coreia do Sul, Vietnã e outros países do sudeste asiático devem impactar no preço de memória e tela, por exemplo, que devem encarecer os produtos nos EUA. Por ora, empresas que vendem "serviços".
Quem deve perder
Apple
De acordo com a consultoria de mercado Counterpoint Research, 80% dos iPhones comercializados nos EUA são produzidos na China. Logo, a taxa de 145% imposta por Trump pode encarecer bastante o telefone da Apple.
Empresa tem diversificado produção de aparelhos nos últimos anos. A Apple tem fabricado aparelhos no Vietnã e na Índia. Aliás, estima-se que nos últimos dias a companhia levou mais de 1,5 milhão de aparelhos da Índia para os EUA antes de as taxas começarem a vigorar.
Soma-se ainda ao fato que hardware é a principal fonte de receita da Apple, sendo o iPhone é maior fonte de receita da companhia. Por mais que estejamos falando de iPhones, outros produtos da marca (como Airpods, Macbooks e iPads) são produzidos ou parcialmente produzidos na China. A empresa perdeu bilhões de dólares de valor de mercado após os anúncios de Trump, deixando de ser a companhia de maior valor de mercado do mundo.
Lenovo/Motorola
Na área de smartphones, a Motorola (cuja dona é a chinesa Lenovo) tem grandes linhas de produção na China, porém conta com fábricas na Índia e no Brasil. A Counterpoint cita que a empresa poderia "realocar a produção" nos dois países, embora, ressalta o comunicado da empresa, "soluções de longa prazo também poderão ser alvos de tarifas".
Na área de hardware (fora smartphones), a Lenovo pode sofrer com taxas, que podem encarecer servidores ou computadores. Apesar disso, em chamada recente com investidores, o CEO da Lenovo, Yuanqing Yang, diz que a empresa é "mais flexível e resiliente para se adaptar a diferentes cenários comparados com nossos competidores".
Quem deve ganhar (ou perder menos)
Samsung
Gigante sul-coreana não depende tanto da China na produção de celulares. De acordo com a Counterpoint Research, a marca produz no país seus aparelhos de gama intermediária. A empresa conta com fábricas no Vietnã e na Índia. Por aqui, há duas fábricas, porém voltadas para fabricação para a produção interna.
Nvidia, Intel e AMD
Todas as empresas de chip não devem sofrer grandes perdas. Isso porque o decreto de Trump exclui semicondutores feitos em Taiwan - o maior produtor do mundo. Após os anúncios do presidente dos EUA, as ações dessas companhias apresentaram alta.
Mesmo assim, a "boa notícia" exige cautela, pois dificilmente se compra só um chip. Geralmente, ele vem instalado em um computador que, em função das taxas, pode ficar mais caro.
Google, Meta, Microsoft e Amazon
De modo geral, de tecnologia que vendem serviços não foram diretamente impactadas pelo tarifaço. Big techs como Google, Meta e Amazon tiveram alguma oscilação no preço de valor de mercado, mas não tão grande quanto empresas dependentes de hardware.
Em médio prazo, há chance de haver repercussões para todas elas. A Amazon, por exemplo, vende produtos que vêm da China; já Google, Microsoft e Meta têm investido pesado em inteligência artificial e talvez fique mais caro comprar máquinas para realizar treino. Além disso, a União Europeia pode querer retaliar essas companhias pelas tarifas impostas aos países do bloco.
*Com informações do Business Insider