A China disse nesta terça-feira (8) que está "totalmente confiante" em atingir sua meta de crescimento para o ano inteiro, mas não adotou medidas fiscais mais fortes, decepcionando os investidores que contavam com mais apoio das autoridades para colocar a economia de volta nos trilhos.
As ações da China chegaram a subir mais de 10% durante o dia e o índice CSI300, que reúne as principais companhias listadas em Xangai e Shenzhen, terminou com alta de 5,93%, a 4.256 pontos. Já o índice SSEC, em Xangai, ganhou 4,59%, a 3.489 pontos. As duas bolsas reabriram nesta terça após um longo feriado de uma semana.
O governo estabeleceu uma meta de subida de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, mas os indicadores econômicos mostraram que o ímpeto do crescimento diminuiu desde o segundo trimestre, pesando sobre os gastos das famílias e o sentimento das empresas em meio a uma grave crise imobiliária.
O presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Zheng Shanjie, disse em uma coletiva de imprensa que o governo planeja emitir 200 bilhões de iuanes (R$ 155,91 bilhões) em gastos orçamentários antecipados e projetos de investimento a partir do próximo ano.
O país também acelerará os gastos fiscais e "todos os lados devem continuar se esforçando mais" para fortalecer as políticas macroeconômicas, acrescentou.
"O mercado internacional está volátil, o protecionismo comercial global se intensificou e os fatores de incerteza e instabilidade aumentaram. Isso terá um impacto adverso em meu país por meio de comércio, investimento, finanças e outros canais", afirmou Zheng.
Investidores e economistas avaliam que é necessário mais apoio do lado fiscal para sustentar o otimismo do mercado, o que provavelmente será feito pelo Ministério das Finanças.
"Até agora, a coletiva de imprensa da comissão parece não ter dado muitos detalhes com relação às medidas de estímulo. As expectativas foram elevadas, mas a entrega foi decepcionante", disse Christopher Wong, estrategista cambial da OCBC.
Em um esforço para reverter a desaceleração econômica, a China divulgou antes do feriado seu pacote de estímulo monetário mais agressivo desde a pandemia da Covid-19, juntamente com um amplo apoio ao mercado imobiliário.
Folha Mercado
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Analistas afirmaram que levará tempo para restaurar a confiança dos consumidores e das empresas e fazer com que a economia volte a se apoiar em bases mais sólidas. A recuperação do mercado imobiliário, em particular, pode ser um longo caminho.
"Prevemos que o governo providenciará de 1 trilhão a 3 trilhões de iuanes (R$ 780 bilhões a R$ 2,34 trilhões) de apoio fiscal adicional neste ano e no próximo para impulsionar a economia real, recapitalizar os bancos e estabilizar o mercado imobiliário", disse Yue Su, economista para China na EIU (Economist Intelligence Unit).
"Isso, juntamente com os investimentos de títulos especiais de longo prazo planejados para o próximo ano, deverá impactar principalmente o crescimento econômico de 2025."
A EIU mantém sua previsão econômica de 4,7% de crescimento para este ano e 4,8% em 2025, disse Su.