A pressão exercida nos últimos anos por fabricantes locais está comprometendo seriamente as operações de marcas estrangeiras na China. A Volkswagen, até então líder de vendas, vem perdendo espaço considerável no país e o mesmo está acontecendo agora com a General Motors. Em comunicado direcionado aos acionistas, o grupo norte-americano confirma perdas e anuncia que gastará cerca de US$ 5,6 bilhões para reestruturar seus negócios na região.
O drama vivido pelas montadoras tradicionais é motivado principalmente pela mudança de preferência do consumidor chinês, que agora tornou-se fiel comprador de fabricantes do próprio país. Entre as principais representantes estrangeiras da GM na China, Buick, Cadillac e Chevrolet são as mais afetadas. Todas têm amargado queda significativa de vendas no acumulado do ano e já não conseguem competir diretamente com as chinesas em termos de tecnologia e agilidade no lançamento de novidades.
De janeiro até outubro, a Buick vendeu 277.022 veículos na China e caiu 36,4% na comparação com igual período do ano passado. É um recuo considerável levando em conta o fato de a marca ser uma das principais forças da GM no país. Neste mesmo cenário, a Cadillac vendeu 90.101 unidades e caiu 40%, enquanto a Chevrolet entregou apenas 43.993 unidades e recuou significativos 69,8%. Por lá, a gama Chevrolet é formada principalmente pelos modelo Monza, Tracker, Seeker e Blazer.
As razões para tamanho recuo são bem conhecidas: a engenharia e as plataformas americanas são consideravelmente caras na comparação com as chinesas, ao mesmo tempo em que o ritmo de atualização dos portfólios de Buick, Cadillac e Chevrolet é muito mais lento. A GM tinha esperanças de virar o jogo com a chegada da plataforma Ultium na China, mas o preço e a flexibilidade tecnológica são incompatíveis com a realidade local.
Baojun 510
Por outro lado, a GM vem colhendo resultados animadores com as marcas nativas que possui em parceria com a SAIC. É o caso da Wuling e da Baojun, que usam plataformas chinesas combinadas com preços acessíveis. A primeira vendeu 580.326 carros na China de janeiro até outubro, crescendo 9,1%, enquanto a segunda avançou 41,6% ao emplacar 34.304 unidades.
Sobre o plano de reestruturação das operações, a GM informou apenas que gastará cerca de US$ 5,6 bilhões. Entre as medidas programadas, especula-se redução de linhas de modelos e fechamento de fábricas ociosas. No geral, é o mesmo tipo de solução adotada por empresas que estão na mesma situação - nomeadamente Volkswagen e Nissan.