Os chefes dos bancos Bank of America, BlackRock, Standard Chartered e Deutsche Bank estão entre os executivos proeminentes que devem se ausentar da cúpula da ONU COP29 neste ano, à medida que as expectativas empresariais para as negociações climáticas mais importantes do mundo são reduzidas.
A cúpula de duas semanas em Baku, em novembro, foi apelidada por seus organizadores de "a COP das finanças", onde quase 200 países discutirão uma nova meta financeira global para apoiar países em desenvolvimento que sofrem com os efeitos das mudanças climáticas.
Mas muitas lideranças de bancos, gestão de ativos e seguros não estarão presentes no evento, que ocorrerá apenas cinco dias depois da eleição presidencial dos EUA, deixando incertezas sobre a liderança da maior economia do mundo. Donald Trump ameaçou retirar os EUA do Acordo de Paris se vencer as eleições, como fez em 2016.
Executivos financeiros citaram uma "logística difícil" e menos oportunidades de networking com clientes do que na COP28 em Dubai no ano passado.
Um executivo financeiro, que ainda pondera se vai comparecer, disse que só dá para ir à festa se todos os outros forem. Alguns também indicaram que pretendem estar na COP30 no Brasil no ano que vem, argumentando que a deste ano será uma "COP técnica" menos adequada para negócios.
Executivos de bancos, gestão de ativos e seguros aumentaram a participação na COP28, tornando-a de longe a maior COP, com 65 mil participantes principais.
Esse evento foi, por outro lado, criticado por alguns negociadores por ser grande demais, após um número sem precedentes de observadores e convidados, incluindo executivos de negócios, juntarem-se às delegações dos países pela primeira vez.
Os organizadores da COP29 em Baku disseram em um briefing recente que esperavam que a participação total fosse uma média das três últimas cúpulas, realizadas respectivamente em Glasgow, Sharm el-Sheikh e Dubai, com cerca de 50 mil presentes.
Larry Fink, da BlackRock, que participou das cúpulas em Glasgow e Dubai, mas não compareceu à COP27, não deve comparecer à COP29, nem o chefe do Standard Chartered, Bill Winters, de acordo com pessoas familiarizadas com seus planos.
O CEO da ING, Steven van Rijswijk, Brian Moynihan do BofA e Christian Sewing do Deutsche Bank tampouco devem comparecer em Baku. O HSBC disse que ainda está decidindo sobre sua delegação.
Nem o CEO nem o presidente da Lloyd's of London, a instituição de seguros crítica para a transição verde ao fornecer cobertura de risco tanto para petróleo e gás quanto para desenvolvimentos de energia limpa, planejam comparecer. Seu CEO, John Neal, foi um participante proeminente em cúpulas anteriores.
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Outros disseram que estão focados em diferentes eventos relacionados ao clima, como a Conferência de Biodiversidade da ONU COP16 na Colômbia, que acontece ainda neste mês, ou que participaram da Semana do Clima de Nova York em setembro.
Várias instituições financeiras disseram que seus diretores de sustentabilidade e outras figuras seniores compareceriam à COP29 em vez disso.
Ao mesmo tempo, acadêmicos, organizações sem fins lucrativos e outras organizações reclamaram que foi difícil conseguir passes para o evento deste ano, enquanto os organizadores da ONU tentam controlar a multidão.
O chefe de mudanças climáticas da ONU, Simon Stiell, disse que "certamente gostaria de ver futuras COPs reduzirem de tamanho" depois que algumas foram rotuladas como um circo que distrai do trabalho de negociar uma resposta global às mudanças climáticas.
A realização do encontro anual pelo Azerbaijão foi alvo de críticas desde que foi escolhido em rotação pelo bloco de países do leste europeu no ano passado.
O petroestado, que depende fortemente das exportações de petróleo e gás, foi criticado por não focar na transição para energia limpa prometida em Dubai, bem como por seu histórico de direitos humanos.
A presidência da COP29 disse que estava "ansiosa para receber os delegados em Baku em novembro" e, após meses de planejamento intensivo, tinha "toda confiança na logística do local, segurança, acomodação e transporte para realizar uma conferência bem-sucedida".
"Empresas internacionais expressaram interesse significativo nas atividades da Zona Verde [hub central], e esperamos um engajamento intenso e de alta qualidade em torno das oportunidades estabelecidas através dos temas diários da COP29", acrescentou.