Já parou para pensar em como a ansiedade pode afetar suas escolhas financeiras? Imagine uma pessoa que decide plantar uma árvore frutífera. Ela planta, rega, mas fica tão ansiosa para ver os frutos que, a cada dois dias, cava a terra para verificar as raízes. O que acontece? Em vez de ajudar a árvore a crescer, ela a prejudica. Algo semelhante ocorre quando falamos sobre o Tesouro Direto e a marcação a mercado.
Muitos investidores escolhem o Tesouro Direto pensando que é a melhor alternativa de renda fixa. Não que seja ruim – longe disso – mas, ao compará-lo com CDBs de bancos médios protegidos pelo FGC, é fácil perceber que uma grande oportunidade está sendo deixada de lado. E o motivo é bem simples: rentabilidade e tranquilidade. Vamos às duas grandes vantagens do CDB. Essa comparação leva em conta títulos com mesmo vencimento, indexador e considera que o investidor visa aplicações com prazo superior a liquidez diária.
Primeiro, os CDBs são marcados na curva, ou seja, sua rentabilidade é fixada no momento da aquisição e não sofre com as oscilações do mercado ao longo do prazo do investimento. Isso significa que você verá seu investimento render exatamente o que foi contratado, sem surpresas desagradáveis.
Já no Tesouro Direto, a marcação a mercado faz com que o preço do título oscile diariamente. Isso pode gerar ansiedade e, pior ainda, frustração, pois o investidor pode ver seu saldo negativo por longos períodos – mesmo que o título seja uma boa aplicação no vencimento.
Segundo, os CDBs oferecem um prêmio de rendimento que frequentemente supera 1% ao ano em relação a títulos públicos de mesmo prazo. Parece pouco? Mas, no longo prazo, é uma diferença gigantesca. Esse 1% adicional, em 30 anos, pode resultar em um patrimônio mais de 30% maior. Para compensar essa diferença, seria necessário acertar consistentemente o momento exato de comprar e vender títulos públicos na marcação a mercado – algo tão difícil quanto prever os movimentos diários da Bolsa de Valores.
Importante lembrar que para ter esta vantagem de prêmio, o emissor deve ser um banco médio. Também, para garantir a segurança, o investidor deve aplicar dentro do limite do Fundo Garantido de Crédito (FGC). O limite do FGC é até R$ 250 mil por emissor.
Agora, pense: vale a pena assumir essa complexidade e o risco emocional de investir no Tesouro Direto, quando você pode ter mais retorno e tranquilidade com os CDBs?
Além disso, a ideia de ganhar mais com marcação a mercado nos títulos públicos é, muitas vezes, superestimada. Ela pressupõe que você será capaz de identificar os melhores momentos para entrar e sair. Mas a realidade é que isso exige tempo, conhecimento e, sinceramente, um pouco de sorte – algo que poucos investidores possuem.
No fim, a marcação a mercado não só leva à frustração e ansiedade, como também pode reduzir o desejo de poupar. Em contrapartida, os CDBs proporcionam estabilidade e clareza, elementos fundamentais para manter a disciplina no longo prazo. Afinal, o que mais importa para o investidor é ver seu patrimônio crescer de forma constante e sem surpresas desagradáveis.
Portanto, se você busca uma alternativa de renda fixa que combine rentabilidade superior e previsibilidade, os CDBs são, sem dúvida, uma escolha a ser considerada. Planeje bem suas escolhas e lembre-se: investir é como plantar uma árvore – paciência e consistência são as chaves para colher os melhores frutos.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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