Na visão do especialista, é claro que o custo-benefício dos carros chineses (invadindo o Brasil desde o início de 2023) tornou as opções da Renault menos interessantes no cruzamento de preço e qualidade.
Nessas horas, porém, deixar o orgulho falar mais alto e manter uma estratégia de preços errada é ainda pior, dado que manter o pátio cheio por muito só causa mais problemas às fábricas. Em casos assim, explica Milad, "a montadora tenta zerar o estoque reduzindo as margens de lucro, que, por vezes, são próximas de zero".
Os descontos elevados e até o eventual prejuízo servem para "evitar uma situação pior, como um estoque parado por muito mais tempo". O problema também afeta as concessionárias, que ocupam, com um carro de pouco apelo, o espaço que poderia ser dado a modelos mais lucrativos.

Ao UOL Carros, a Renault disse que "procura sempre oferecer produtos competitivos no mercado", sem detalhar suas decisões. O que os dados oficiais mostram, porém, é que ela deu certo: após uma queda de 45% em 2023, as vendas do Kwid elétrico cresceram 227% em 2024. Para esse ano, haverá uma reestilização previstas que rejuvenescerá o carro e tende a manter o desempenho em alta.
Erro de cálculo?
"Pode haver também uma estratégia inicial de lançamento de um veículo como sendo de um segmento superior ao que ele se encaixa, na tentativa de torná-lo mais 'premium'", explica Milad Kalume Neto. "Nesse caso, o preço muito acima do que seria o ideal para aproveitar o momento do lançamento, que é um bom momento de exposição do produto".