Preço quando novo
Quem apostou no Corolla híbrido logo no lançamento pagou R$ 131 mil na versão Altis Premium. Caso optasse pela configuração somente à combustão, teria economizado R$ 6 mil no momento da compra.
Hoje, essas mesmas configurações zero-km, custam R$ 198,9 mil e R$ 185,6 mil, respectivamente. A diferença não só é maior em valor, como em percentual. Antes, o híbrido custava apenas 4,8% mais caro, e agora é 7,2%.
Sendo assim, podemos concluir que, pelo menos no Corolla, a tecnologia não barateou nesse período, como muitos poderiam supor que fosse acontecer,
Preço do usado
Pesquisei por Corollas 2020 anunciados em um grande classificado e encontrei 380 opções no território nacional. Dessas, 113 são de Corollas híbridos, ou seja, cerca de 30%. Eu não tenho informações se essa proporção é a mesma para todos que foram vendidos naquele ano, mas é de se imaginar que não seja muito diferente. Portanto, foi relevante o número de híbridos vendidos em 2020, e hoje disponíveis no mercado de usados.
Certo é que os donos desses híbridos que pagaram mais caro hoje competem de igual para igual com donos que optaram pela configuração à combustão. A Tabela Fipe do Altis Premium híbrido 2020 é R$ 128,8 mil, e do Altis Premium à combustão é R$ 127,5 mil.
Além da diferença de preço ser pequena, ela se inverte no preço médio dos anúncios, que é de R$ 130,2 mil para o primeiro e R$ 130,7 mil para o segundo. No mundo real, isso pode ser ainda pior, como vou relatar mais à frente.
Está claro que o modelo a combustão desvalorizou menos, e posso apostar que ele vai continuar segurando mais o preço - assim como qualquer Corolla do passado. Já o híbrido, quanto mais próximo do final da garantia do sistema eletrificado - oito anos para o Corolla -, passa a ser desinteressante no mercado.
É simples entender isso, pois sabemos que a manutenção de um sistema híbrido é onerosa e poucos estarão dispostos a assumir o risco desse custo quando o veículo estiver fora da garantia.
Quilometragem média
É de se imaginar que as pessoas que aceitam pagar mais caro pelo híbrido esperam o retorno desse investimento no custo menor por quilometro rodado. Mas para que isso realmente faça sentido, é preciso rodar bastante. Ou seja, quem optou pelo híbrido precisa rodar mais.
Esse é um ponto que também se reflete nos classificados, que apontam quilometragens médias mais altas nos Corollas híbridos, quando comparados com os Corollas à combustão. Inclusive, é difícil encontrar híbridos pouco rodados. Com o passar dos anos, isso tende a piorar, e fazer com que o interesse por ele seja ainda menor.
Opinião do dono
Tenho um seguidor, que já virou amigo, que teve a experiência com as duas configurações do Corolla, ambos comprados zero-km por ele. Com o híbrido, ficou por um período de dois anos e rodou cerca de 40 mil km. Vendeu no começo desse ano, e agora está com um somente à combustão.
Conversei com ele para entender os motivos para ter voltado para o modelo à combustão. A resposta não é tão simples e objetiva, já que ele gostava do híbrido, principalmente na economia que ele proporcionava no ciclo urbano. Mas ficou claro para mim que o híbrido não atendeu tão bem às necessidades dele.
Ele é 50 cv menos potente, e isso faz muita diferença no ciclo rodoviário, condição que ele enfrenta com certa frequência. E o consumo nessa condição não é muito diferente.
Por fim, teve muita dificuldade de revender o híbrido e só conseguiu um comprador quando baixou R$ 10 mil em relação à Tabela Fipe. Isso jamais teria acontecido com o modelo a combustão.
O que esperar do futuro
Quem compreendeu as informações que passei acima pode concluir que não vale a pena investir nos sistemas híbridos. Mas não é bem assim.
A Fiat apresentou recentemente um sistema híbrido leve para o Pulse e o Fastback. Custa apenas R$ 2 mil a mais, e o sistema é mais simples e barato. Mesmo no fim da garantia, uma possível reparação não deverá ser custosa, e com isso não afasta compradores no mercado de usados.
O carro não é mais fraco que sua versão somente à combustão, é um pouco mais econômico, e o pequeno investimento na compra já pode ser revertida no desconto de IPVA que alguns estados concedem para motorização híbrida.
Sendo assim, vejo futuro promissor nessa proposta da Fiat. Mas é apenas uma aposta, pois somente o tempo e o mercado vão nos responder. Até o momento, continuo com pé atrás com vários eletrificados, não pela experiência ao volante, que é sempre positiva, mas sim com a receptividade que o mercado de usados está tendo com eles.
Não podemos esquecer que carros no nosso país precisam durar bastante, portanto não bastam ser bons apenas quando novos.
Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.